“Persiste no erro”, diz advogado de família que teve casa arrombada sobre nota da Polícia Civil de Goiás
"A Polícia Civil do Estado de Goiás, mesmo depois de cometer um erro grave, ainda persiste no erro, soltando nota em sua defesa que não existe", diz nota
Depois da Polícia Civil dizer, em nota, que cumpriu mandados de prisão, busca e apreensão para reprimir a prática dos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa, no endereço correto, a defesa da família que teve a casa arrombada, em Aparecida de Goiânia, afirma que a corporação “persiste no erro”. “Endereço está completamente errado.”
A operação aconteceu na madrugada de 11 de abril, em Aparecida de Goiânia, quando policiais arrombaram o portão de uma família que mora no Bairro Industrial Santo Antônio, em Aparecida de Goiânia. Os próprios moradores afirmaram que os agentes estavam no local errado ao ouvirem um nome desconhecido, que seria do alvo da operação.
Na ocasião, os agentes da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) tentavam cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra investigados por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Câmeras de segurança mostraram o desespero dos moradores, quando os policiais entraram na casa.
Após repercussão, a Polícia emitiu nota, dizendo que o endereço da operação policial constava em ordem judicial, o qual foi obtido após investigação técnica. Além disso, a PC ainda relatou que os policiais chamaram os moradores por diversas vezes antes da entrada forçada, mas eles se recusaram a abrir o portão. “Havia uma ligação entre a casa objeto da busca e a pessoa que se buscava prender, tanto é que esta foi presa em frente à residência citada no mandado judicial, conforme registro das imagens […].”
Conforme o advogado da família, em nota, não existe ligação dos moradores com qualquer prática criminosa. Ele diz, ainda, que as filmagens mostram que os agentes não chegaram às 6h, como alegaram, e que os moradores, em momento algum, desobedeceram. “A todo momento perguntavam quem era e o que era, [e] a polícia não quis dizer o que era.”
A defesa também ressalta que a família mora na mesma casa há três anos e não tem qualquer vínculo com a investigada. “O endereço está completamente errado. (…) O mais grave é em nota a polícia informar que teve vigilância in loco e ainda não perceberem que a casa da procurada era em frente à casa da vítima.”
Em outro trecho, argumenta que “a Polícia Civil do Estado de Goiás, mesmo depois de cometer um erro grave, ainda persiste no erro, soltando nota em sua defesa que não existe. Contra fatos concretos não há argumentos vazios”.
Nota completa da Polícia Civil:
“A Polícia Civil do Estado de Goiás vem a público fazer alguns esclarecimentos, reforçando seu compromisso com a transparência e com a busca da verdade por meio da investigação policial, mantendo sempre o amplo diálogo com a imprensa e a sociedade.
Em face da publicação de um vídeo particular originado no dia 11/04/2024, gravado durante uma operação policial da Delegacia Estadual de Investigações Criminais – DEIC, que cumpria mandados de prisão e busca e apreensão, deferidos judicialmente, reprimindo a prática dos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa, informa que seguiu os parâmetros regulares de investigação, obtendo-se êxito no tocante aos alvos.
Nesse contexto, necessário destacar:
a) O mandado de busca e apreensão foi cumprido no endereço correto, constante da ordem judicial, o qual foi obtido mediante investigação técnica, baseada em elementos decorrentes de quebra de sigilo telemático e vigilância policial in loco, devidamente documentados nos autos do inquérito policial de forma sigilosa;
b) Ao chegarem no local, por volta das 06:00 da manhã, os policiais civis bateram no portão e chamaram os moradores por diversas vezes. Estes, por sua vez, recusaram-se a abrir o portão, claramente cientificados de que a polícia judiciária encontrava-se à frente para cumprirem ordem judicial. Após a desobediência reiterada dos moradores, houve a necessidade de entrada forçada na residência, sendo exigida, em seguida, a contenção dos ânimos, em obediência ao artigo 245, parágrafos 2º e 3º do Código de Processo Penal;
c) A investigação em referência denota a prática dos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa. Inegavelmente, havia uma ligação entre a casa objeto da busca e a pessoa que se buscava prender, tanto o é que, esta foi presa em frente à residência citada no mandado judicial, conforme registro das imagens;
d) Toda a ação policial foi acompanhada, desde o início, por representante da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-GO, como registrado no referido vídeo.
Nessa seara, a Polícia Civil reforça o seu compromisso pela defesa da sociedade, ocasião em que seguirá firme no combate ao crime organizado, com recordes sucessivos no número de prisões e operações policiais.
Vale ressaltar que, na mesma data, a Polícia Civil de Goiás cumpriu mais de 80 (oitenta) mandados judiciais em operações policiais realizadas em todo o território goiano.
A Polícia Civil encontra-se a disposição para quaisquer outros esclarecimentos que se fizerem necessários, reafirmando seu compromisso com a legalidade de seus atos, respeito aos direitos dos cidadãos e confiança na credibilidade, profissionalismo e dedicação de seus policiais.
Goiânia-GO, aos 12 dias de abril de 2024″
Nota da defesa: