Personal trainer acusado de agredir ex-namorada vai a júri popular
Caso aconteceu em agosto do ano passado. Apesar da decisão, data do julgamento ainda não foi marcado pois cabe recurso
O personal trainer Murilo de Morais Segurado, 33 anos, acusado de agredir a ex-namorada, também de 33, será encaminhado a júri popular. A decisão é o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri. Apesar disso, a data do julgamento ainda não foi marcada pois cabe recurso.
O juiz entendeu que houve a necessidade da decisão da pronúncia “para que todas as dúvidas e contradições existentes nos autos venham a ser sanadas pelo Conselho de Sentença, composto por sete jurados.”
Além disso, Jesseir afirma que “a decisão de pronúncia encerra o simples juízo de admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento jurídico somente o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua autoria, não se demandando aqueles requisitos de certeza necessários à prolação de um édito condenatório, sendo que as dúvidas, nesta fase processual, resolvem-se a favor da sociedade, mesmo que em detrimento do direito individual.”
O Mais Goiás entrou em contato com o advogado do personal, Max Leão, mas não houve retorno até a publicação dessa matéria.
“Fora de si”
No último dia 21 de novembro, o personal foi ouvido pelo magistrado. Ele alegou que estava “fora de si” no momento das agressões contra a ex-namorada. Além disso, ele alegou que a violência aconteceu após a vítima “menosprezar a classe dos professores”, profissão em que a mãe dele atua.
Ele contou que foram cercas de oito términos e que só retomou o relacionamento devido à insistência da mãe da vítima. “Ela me tem como um filho. Ela me ligou e falou que só eu que a entendia e que era para eu apagar e desse uma nova chance para ela”, pontua.
Mudança de vida
A vítima também foi ouvida em audiência. Ela alegou que mudou de vida após as agressões. Segundo disse, teve de fechar um laboratório veterinário montado há cerca de dois anos e meio. “Foi necessária uma cirurgia no meu braço esquerdo e a colocação de platina com mais sete parafusos. Ao chegar no hospital, fui informada que a lesão afetou um nervo periférico, o que me fez perder a sensibilidade e força motora no meu braço”, conta.
No mesmo dia, o policial civil Aurélio Augusto de Sousa Dias, que parou a agressão de Murilo dando um tiro para o alto, também foi ouvido em audiência. Ele relatou que se identificou como agente e que a violência ficou gravada na cabeça dele. Principalmente no fato que ela foi atingida com chutes nos rostos. Entretanto, o personal afirmou que ele, em momento algum, se identificou e que sentiu o disparo passar próximo ao seu ouvido.
Caso
As agressões de Murilo contra a vítima foram flagradas por câmeras de seguranças do condomínio em que a médica veterinária morava, no Bairro Eldorado, em Goiânia, no último dia 28 de agosto. Ela foi atingida por diversos socos e chutes desferidos pelo personal trainer. Em determinado momento, ele bate a cabeça dela contra o chão por diversas vezes.
A violência só terminou após a chegada de um escrivão da Polícia Civil (PC). Ele contou ao Mais Goiás que estava esperando a filha próximo ao local das agressões, quando ouviu um senhor pedir por socorro.
“O rapaz era grande e muito forte. Desci com a arma na mão e apontei para ele. Dei ordens para ele deitar no chão, se ajoelhar com as mãos na cabeça, porém ele não obedeceu. Ficava andando de um lado para outro. Eu passei a afastá-lo da moça para ele não a agredir mais. Quase atirei nele. E ele ainda gritava que eu podia atirar porque ele ia matar a moça”, narrou o policial.
Murilo ainda tentou fugir, mas foi detido e preso em flagrante. Durante a audiência de custódia, realizada na da 3ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri de Goiânia, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara converteu a prisão em flagrante em preventiva. O pedido de revogação de prisão foi negado pelo magistrado.
No último dia 3 de outubro, Murilo foi denunciado por tentativa de homicídio, pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). No documento, assinado pelo promotor de Justiça Danni Sales Silva, consta que o personal enganou namorada para tentar matá-la e utilizou recurso cruel que impossibilitou a defesa da vítima. Entretanto, o juiz José Paganicci Júnior concedeu liberdade ao personal no último dia 22 de outubro.