MAMA-CADELA

Pesquisa de Goiás usa planta do Cerrado como base para tratamento de vitiligo

A pesquisa vem sendo desenvolvida há 10 anos e, atualmente, está em fase de testes

UFG usa planta do cerrado como base de pesquisa para tratamento de vitiligo (Foto ilustrativa: Reprodução - FreePik)

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) têm utilizado a mama-cadela, planta típica do cerrado brasileiro, como base de estudo para o tratamento de vitiligo. A pesquisa é desenvolvida há 10 anos e, atualmente, está em fase de testes. Caso seja aprovada, a formulação vai ajudar a repigmentar as áreas esbranquiçadas, que foram afetadas pela doença.

A pesquisadora e doutora em ciências farmacêuticas Mariana Cristina de Morais explica que a mama-cadela está sendo usada para manipulação de cremes, géis e pomadas. A ideia é a de que os produtos ajudem os pacientes a reduzir manchas por meio de um tratamento correto.

“Escolhemos a mama-cadela pois já tínhamos um conhecimento tradicional. As pessoas usam o chá da planta, como um conhecimento popular, para ajudar a repigmentar a pele. Por meio desta informação, fizemos um estudo científico para entender melhor a planta e suas propriedades”, relata Mariana.

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) têm utilizado a mama-cadela, uma planta típica do cerrado brasileiro, como base de estudo para o tratamento de vitiligo
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) têm utilizado a mama-cadela, uma planta típica do cerrado brasileiro, como base de estudo para o tratamento de vitiligo (Foto: Reprodução – Gustavo Giacon)

A pesquisa acontece há 10 anos, sob coordenação do professor Edemilson Cardoso da Conceição, professor titular da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Pesquisa busca tratamento de vitiligo natural e acessível

A pesquisadora explica que segundo os testes realizados, as respostas são promissoras e de resultado rápido. A expectativa é que a mama-cadela possibilite o tratamento natural e de custo acessível.

“Uma das formas de tratamento mais comum que temos no mercado é a fototerapia com radiação ultravioleta do tipo B (UVB). As luzes UVB são as mesmas usadas em bronzeamentos artificiais e podem ser muito agressivas para a pele. Ela pode ocasionar queimaduras e traz muitos inconvenientes para o paciente”, diz Mariana.

De acordo com Mariana, os pacientes precisariam fazer uso diário dos medicamentos, aguardar 30 minutos e depois se expor ao sol. “A repigmentação da área afetada é feita de dentro para fora. Com isso, o efeito começa nas camadas mais internas da pele e seguem até a parte externa”, observa a profissional.

O vitiligo

A dermatologista Renata Bertino explica que o vitiligo é caracterizado pela alteração da função ou ausência de melanócitos. Ou seja, é a falta ou alteração das células responsáveis pela produção de melanina, que é o pigmento que dá a cor à pele, cabelo, pelo e olhos.

“Devido à ausência de produção de melanina, há o aparecimento de manchas esbranquiçadas com localização e distribuição características, principalmente nas mãos, pés, joelhos, rosto e cotovelos, podendo também, em alguns casos, haver descoloração de cabelo e pelo e alteração na sensibilidade do local. Isso possibilita o diagnóstico essencialmente clínico”, explica.

Renata pontua que existem três possíveis causas para esta doença: de origem autoimune, de origem genética e por estresse, uma das hipóteses que mais vem crescendo na atualidade.

“A maioria dos pacientes não manifesta qualquer sintoma além do surgimento de manchas brancas na pele”, observa a dermatologista. Entretanto, argumenta “em alguns casos, os pacientes relatam sentir sensibilidade e dor na área afetada”.

Natália Deodato, de 22 anos, é a primeira participante do Big Brother Brasil (BBB) com vitiligo (Foto: Reprodução - Redes Sociais)
Natália Deodato, de 22 anos, é a primeira participante do Big Brother Brasil (BBB) com vitiligo (Foto: Reprodução – Redes Sociais)

BBB despertou curiosidade geral sobre o assunto

Segundo os pesquisadores da UFG, com o anúncio da modelo Natália Deodato, de 22 anos, como participante do Big Brother Brasil (BBB) 22, sendo a primeira pessoa com vitiligo a participar do programa, muitas questões sobre o assunto foram evidenciadas.

Natália descobriu a doença com apenas 9 anos, por meio de uma manchinha bem pequena no olho e outras duas atrás da nuca e do joelho. Cerca de um mês depois já estava toda “pintadinha”. Desde o início da sua participação no programa, Natália reforçou a “falta de informações para as pessoas sobre a doença”.