Pesquisa de Goiás usa planta do Cerrado como base para tratamento de vitiligo
A pesquisa vem sendo desenvolvida há 10 anos e, atualmente, está em fase de testes
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) têm utilizado a mama-cadela, planta típica do cerrado brasileiro, como base de estudo para o tratamento de vitiligo. A pesquisa é desenvolvida há 10 anos e, atualmente, está em fase de testes. Caso seja aprovada, a formulação vai ajudar a repigmentar as áreas esbranquiçadas, que foram afetadas pela doença.
A pesquisadora e doutora em ciências farmacêuticas Mariana Cristina de Morais explica que a mama-cadela está sendo usada para manipulação de cremes, géis e pomadas. A ideia é a de que os produtos ajudem os pacientes a reduzir manchas por meio de um tratamento correto.
“Escolhemos a mama-cadela pois já tínhamos um conhecimento tradicional. As pessoas usam o chá da planta, como um conhecimento popular, para ajudar a repigmentar a pele. Por meio desta informação, fizemos um estudo científico para entender melhor a planta e suas propriedades”, relata Mariana.
A pesquisa acontece há 10 anos, sob coordenação do professor Edemilson Cardoso da Conceição, professor titular da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Pesquisa busca tratamento de vitiligo natural e acessível
A pesquisadora explica que segundo os testes realizados, as respostas são promissoras e de resultado rápido. A expectativa é que a mama-cadela possibilite o tratamento natural e de custo acessível.
“Uma das formas de tratamento mais comum que temos no mercado é a fototerapia com radiação ultravioleta do tipo B (UVB). As luzes UVB são as mesmas usadas em bronzeamentos artificiais e podem ser muito agressivas para a pele. Ela pode ocasionar queimaduras e traz muitos inconvenientes para o paciente”, diz Mariana.
De acordo com Mariana, os pacientes precisariam fazer uso diário dos medicamentos, aguardar 30 minutos e depois se expor ao sol. “A repigmentação da área afetada é feita de dentro para fora. Com isso, o efeito começa nas camadas mais internas da pele e seguem até a parte externa”, observa a profissional.
O vitiligo
A dermatologista Renata Bertino explica que o vitiligo é caracterizado pela alteração da função ou ausência de melanócitos. Ou seja, é a falta ou alteração das células responsáveis pela produção de melanina, que é o pigmento que dá a cor à pele, cabelo, pelo e olhos.
“Devido à ausência de produção de melanina, há o aparecimento de manchas esbranquiçadas com localização e distribuição características, principalmente nas mãos, pés, joelhos, rosto e cotovelos, podendo também, em alguns casos, haver descoloração de cabelo e pelo e alteração na sensibilidade do local. Isso possibilita o diagnóstico essencialmente clínico”, explica.
Renata pontua que existem três possíveis causas para esta doença: de origem autoimune, de origem genética e por estresse, uma das hipóteses que mais vem crescendo na atualidade.
“A maioria dos pacientes não manifesta qualquer sintoma além do surgimento de manchas brancas na pele”, observa a dermatologista. Entretanto, argumenta “em alguns casos, os pacientes relatam sentir sensibilidade e dor na área afetada”.
BBB despertou curiosidade geral sobre o assunto
Segundo os pesquisadores da UFG, com o anúncio da modelo Natália Deodato, de 22 anos, como participante do Big Brother Brasil (BBB) 22, sendo a primeira pessoa com vitiligo a participar do programa, muitas questões sobre o assunto foram evidenciadas.
Natália descobriu a doença com apenas 9 anos, por meio de uma manchinha bem pequena no olho e outras duas atrás da nuca e do joelho. Cerca de um mês depois já estava toda “pintadinha”. Desde o início da sua participação no programa, Natália reforçou a “falta de informações para as pessoas sobre a doença”.