SAÚDE

Pesquisa revela aumento em número de casos de câncer no intestino entre jovens

Saiba o que favorece o aparecimento de câncer de intestino e quais são as formas de tratamento

O estudante Thiago Nasser, de 23 anos, passou a conviver com um câncer de intestino há pouco menos de 1 ano. A notícia terrível está, infelizmente, mais comum de se ouvir entre jovens. Na última semana uma pesquisa da rede Dasa apontou que, entre 2018 e 2022, houve um aumento de 8% nos diagnósticos de pessoas com menos de 50 anos. O índice saltou de 1,7% para 2,8%.

Thiago relata que estava sofrendo com muita cólica, mas não conseguia um diagnóstico certo. Até que um dia se consultou com médico que resolveu interná-lo para realização de colonoscopia. No exame, descobriu que possuía feridas no intestino. Assim, passou por cirurgia e “após análise do material, soube que tinha um tumor”.

Ele diz que o diagnóstico foi muito difícil de aceitar e, para isso, buscou tratamento psicológico. “Eu frequentava psicóloga antes de ser diagnosticado. Mas tive que procurar um psiquiatra para tomar remédio, porque eu acabei com muita crise de ansiedade durante tratamento, principalmente internado no hospital”, afirma. Para conseguir lidar com os internamentos, a psicologia foi essencial.

“Para seguir o tratamento médico corretamente, é preciso ter a cabeça boa, pois você acaba ficando louco”, relata.

Motivo

O oncologista Rodrigo Fogace aponta que o aumento do número de casos de câncer de intestino entre jovens foi debatido em um dos congressos mais importantes da área no mundo, que ocorreu no último final de semana nos Estados Unidos.

No entanto, ainda não há um consenso sobre o que tem causado esse aumento de casos. Embora haja algumas indicações.

“A gente sabe que a alimentação e também os fatores envolvidos principalmente com estresse, trabalho, o cotidiano, a falta de atividade física, consumo de bebidas alcoólicas e a obesidade têm relação com o aumento dos casos de câncer colo retal”, explica.

O oncologista diz que, na alimentação, os principais fatores de risco são o consumo de carne vermelha e embutidos. No entanto, é muito difícil isolar um fator de risco. Há que ver também o estilo de vida, como tabagismo, obesidade. “Sabemos que é uma soma de fatores e a gente percebe que pessoas com o estilo de vida menos saudável têm mais chances de desenvolver o câncer de colo retal”, diz.

Tratamento

O oncologista explica que tumores de intestino e de reto começam com lesões benignas, que são os chamados pólipos. Existem pólipos que tendem a ser benignos, mas outros apresentam características malignas desde o surgimento.

“A gente orienta a população a conseguir diagnosticar o tumor justamente no momento em que ainda são pólipos. Quando eles podem ainda ser ressecados para obter a maior taxa de cura, evitando que se tornem um câncer no futuro. Se a gente conseguir diagnosticar e identificar no começo, a chance dele não evoluir para um câncer é muito alta”, afirma.

Exames de rotina são importantes

O médico alerta que os jovens realizem exames de rotina. Além disso, a alimentação também precisa de atenção especial, sempre que possível fugir de embutidos e ultraprocessados.

Mesmo não tendo qualquer histórico familiar, é interessante que a pessoa faça um check-up pelo menos uma vez ao ano. E a colonoscopia a partir dos 45 anos para que consigamos ter um rastreamento mais seguro e eficiente”, explica Fogace.

A American Cancer Society, nos Estados Unidos, passou a recomendar a colonoscopia preventiva a partir dos 45 anos de idade.