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Pesquisadora da UFG entre os mais influentes do mundo já coordenou pesquisa global contra zika

Professora é a única mulher representante da instituição no ranking internacional

Pesquisadora da UFG entre os mais influentes do mundo já coordenou pesquisa global contra zika (Foto: Rafael Ribeiro - Divulgação)

Em outubro deste ano, a Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgou lista de pesquisadores da instituição que saíram em ranking internacional como os mais influentes do mundo. Entre os pesquisadores, uma única mulher representante da UFG. A professora destaque realiza trabalhos na área de Química Medicinal e já coordenou pesquisa global contra zika e estuda remédio para Covid-19.

O nome de Carolina Horta Andrade aparece pelo segundo ano consecutivo na lista, que neste ano tem 10 professores e pesquisadores da instituição goiana como os mais influentes do mundo, conforme o ranking elaborado pela Universidade de Stanford nos Estados Unidos em parceria com repositório de dados da Elsevier. O ranking internacional é feito com dados de 2023.

Publicado anualmente desde 2017, o ranking apresenta duas listas com nomes de cientistas mais influentes. Uma é baseada na carreira profissional e a outra, feita com base em citações em publicações. As composições enumeram os 100 mil melhores cientistas do mundo.

O Mais Goiás conversou com a pesquisadora Carolina Horta. Veja um pouco mais da história e carreira da representante feminina de Goiás no ranking internacional.

Área de atuação da pesquisadora tem poucas mulheres

“Esse é um ranking muito respeitado, produzido pela Universidade de Stanford e pela editora Elsevier, isso significa que, na minha área de pesquisa, configuro entre as mais influentes do mundo. Na UFG, existem várias mulheres pesquisadoras tops, mas que infelizmente não saíram na lista, provavelmente devido às métricas e áreas de pesquisas de cada uma. Não quer dizer que eu sou a única da UFG que merecia esse reconhecimento”, explica a pesquisadora.

Professora destaca ainda que na área de pesquisa em que atua há mais predominância de pesquisadores homens. “Meu nome apareceu na lista devido à minha área de atuação, que tem mais homens também. E foi uma honra receber esse título”, afirma.

Reconhecimento de um trabalho em conjunto

Segundo a professora, são 15 anos de atuação na área de pesquisa científica. Um trabalho feito em parceria. “Tem toda uma equipe por trás que trabalha comigo diariamente, de dia e de noite, inclusive fim de semana. No LabMol, meu laboratório de planejamento de fármacos e modelagem molecular que fica na faculdade de farmácia da UFG, hoje temos 12 integrantes, pesquisadores de graduação e pós-graduação, professores, que coordeno. E essa equipe que trabalha comigo para produzir esses artigos científicos que estão sendo lidos e citados lá fora”, disse a pesquisadora.

O ranking internacional conta com duas listas, uma feita com base em toda a carreira do pesquisador e outra feita a partir das citações daquele profissional. Nesse sentido, a professora destaca que o reconhecimento reflete a importância do trabalho realizado dentro da instituição goiana. “Isso significa que a nossa pesquisa desenvolvida aqui na UFG tem impacto mundial”, concluí.

Currículo

A professora Dra. Carolina Horta Andrade, de 41 anos, é reconhecida mundialmente na área de Química Medicinal e Computacional. A contribuição dos estudos da professora se estende à pesquisa translacional em níveis nacional e internacional. Sob sua liderança, um grupo de pesquisa já identificou novos candidatos a fármacos para tratar doenças negligenciadas, como leishmaniose, doença de Chagas, esquistossomose, tuberculose, malária e Zika.

Desde o início da pandemia de COVID-19, a investigação tem se concentrado na busca de fármacos para o SARS-CoV-2.

Entre 2016 e 2020, a Dra. Andrade e a UFG coordenaram o projeto global OpenZika, em parceria com diversas instituições de pesquisa no Brasil e no exterior. O projeto OpenZika do World Community Grid da IBM visa identificar substâncias com potencial para tratar o vírus Zika em pessoas infectadas.

Pesquisas na área de farmácia têm usado IA no desenvolvimento de novas ferramentas

A inteligência artificial, conhecida como IA, tem sido usada no desenvolvimento de ferramentas como o Pred-Skin para prever a sensibilização dérmica; o Pred-hERG para prever toxicidade cardíaca; e o Cyto-Safe para predizer citotoxicidade de novos candidatos a fármacos. Essas ferramentas estão disponíveis gratuitamente na plataforma também criada por um grupo de pesquisa coordenado pela professora e pode ser acessado por meio do site http://insightai.labmol.com.br/.

Mulheres na ciência

A participação de mulheres na ciência brasileira, como autoras de publicações científicas, cresceu 29% nos últimos vinte anos. No entanto, essa presença feminina na produção científica cai conforme a carreira avança. Dados são do relatório da Elsevier-Bori.

O documento, intitulado “Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil”, também mostrou que, em 2022, 49% da produção científica brasileira tem pelo menos uma mulher entre os autores. Em 2002, esse percentual era de 38%.

Defensora das mulheres na ciência, a professora Carolina Horta instrui cerca de 50 alunas de graduação em Farmácia e já orientou mais de uma dúzia de mulheres que concluíram seus mestrados e doutorados em Ciências Farmacêuticas ou Medicina Tropical, focando em química medicinal e inteligência artificial.

Além de ministrar palestras sobre empoderamento e questões de gênero, Carolina Horta organizou, em 2019, o maior evento de Química Medicinal da América Latina, o BrazMedChem, incluindo atividades sociais de divulgação da ciência para estudantes de escolas públicas em Pirenópolis.

Influente tem anos de dedicação à pesquisa

Carolina Horta Andrade formou-se em Farmácia pela Universidade Federal de Goiás em 2004. Fez doutorado pela Universidade de São Paulo, com participação no programa de doutorado sanduíche na University of New Mexico (EUA).

Desde 2010, ela é professora da Faculdade de Farmácia da UFG e atualmente lidera o Grupo de Pesquisa LabMol – Laboratório de Planejamento de Fármacos e Modelagem Molecular (www.labmol.com.br) e é pesquisadora principal no Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA) da UFG e no Centro para Pesquisas e Avanços em Fragmentos e Alvos Moleculares (CRAFT), uma colaboração entre UFG e USP. Entre 2017 e 2024, foi pesquisadora visitante no Instituto de Biologia da UNICAMP.

A pesquisa da professora Dra. Carolina Horta Andrade concentra-se em Química Medicinal e Química Computacional, abordando prioritariamente a descoberta de fármacos para doenças negligenciadas e emergentes, a aplicação de inteligência artificial e a toxicologia computacional. Ela já publicou mais de 150 artigos em periódicos com rigorosa seleção editorial, 9 capítulos de livros, e possui 2 patentes registradas, além de desenvolver 4 produtos tecnológicos (softwares).

Desde 2012, a professora é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, no comitê de Química. E já recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais.

Andrade já ocupou vários cargos em instituições importantes da área de pesquisa científica, inclusive já foi membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (2016-2020), sendo a primeira mulher cientista do Estado de Goiás a receber essa distinção. Atualmente, ela é membro da Academia Global de Jovens Pesquisadores (GYA).