CIÊNCIA

Pesquisadores da UFG desenvolvem tecnologia para tratar câncer em cães

Terapia é fototérmica com uso de nanopartículas magnéticas

Pesquisadores da UFG desenvolvem tecnologia para tratar câncer em cães (Foto: Divulgação - Secom)

A Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveu uma tecnologia para tratar o câncer canino. Segundo os pesquisadores, o tratamento é fototérmico e feito a partir de nanopartículas magnéticas. Ele retarda a progressão do tumor e colabora com a eliminação de células tumorais.

De acordo com a UFG, a terapia fototérmica com nanopartículas magnéticas em cadelas – conhecida pela baixa invasividade – consiste em realizar uma injeção intratumoral (com o auxílio da ultrassonografia) de um pequeno volume do fluido magnético no tumor. Posteriormente, aplica-se a luz de laser no local por minutos.

O procedimento é realizado com o animal sob anestesia para que ele se mova o mínimo possível, visando a segurança para a aplicação no local exato do tumor e o monitoramento constante e preciso da temperatura.

A pesquisa quer verificar se o tratamento estimula a resposta imune contra as células do tumor em cadelas com carcinoma mamário.

Segundo a professora e coordenadora da equipe dos estudos desenvolvidos em cães, Marina Pacheco Miguel do IPTSP, acredita-se que a melhora da resposta imune possa auxiliar no retardo da progressão tumoral, além de colaborar na eliminação das células tumorais do local da aplicação ou até mesmo das metastáticas, que ocorrem quando as células se espalham pelo organismo.

O estudo é parte de uma pesquisa liderada por Andris Bakuzis, professor no Instituto de Física (IF) da UFG e coordenador das pesquisas em terapia fototérmica com nanopartículas magnéticas, que desenvolveu a estratégia terapêutica a partir das nanopartículas.

Marina Pacheco Miguel afirmou que os resultados ainda são parciais, mas que, até o momento, verificou-se a redução do tamanho do tumor de algumas cadelas tratadas e, ainda, o aumento significativo do número de células imunes específicas para a resposta antitumoral nas amostras de sangue, a ativação da cascata inflamatória e o aumento de células inflamatórias antitumorais no tumor.

Pesquisa pode também auxiliar tratamento em humanos

Além dos benefícios de reduzir a progressão tumoral e aumentar a sobrevida dos pacientes caninos, o estudo clínico em cães também é uma grande porta para o tratamento na medicina comum.

Segundo o artigo da pesquisa, tratamentos em cães têm semelhanças com os humanos em termos de tamanho, anatomia, fisiologia, metabolismo e imunidade. A decodificação do gene canino em 2005 identificou similaridades genéticas e abriu uma dimensão inteira em pesquisas.

A aplicação clínica do tratamento em estudo na medicina veterinária é inexistente, enquanto na medicina ainda é muito escassa e realizada em centros de pesquisa. Porém, Marina Pacheco afirma acreditar que, após o avanço dos estudos clínicos e pré-clínicos, as limitações do tratamento serão minimizadas, tendo como consequência o avanço para a aplicação em humanos.

A professora pontua que, atualmente, “os principais estudos clínicos envolvendo pacientes humanos são para tratamento de câncer de próstata, mama e fígado”.

A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e possui uma equipe multidisciplinar, composta pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ), Instituto de Física (IF) e pelo Instituto de Ciências Biológicas (ICB).