PF prende Jayme Rincón e três servidores em operação que investiga corrupção e lavagem de dinheiro em Goiás
Mais de R$ 10 milhões em carros de luxo, joias e imóveis também foram apreendidos durante ação, que é um desdobramento da Cash Delivery"
O ex-presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincon, e outros três servidores comissionados do Estado de Goiás foram presos pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (06) durante a Operação Confraria, que tem como objetivo desarticular uma organização criminosa que atuava na cobrança, recebimento e ocultação de valores indevidos no âmbito da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego). A ação é um desdobramento da Operação Cash Delivery, que prendeu, em outubro deste ano, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB).
O desdobramento se deu após os investigadores descobrirem que um dos servidores da Codego manteve contato com os policiais militares presos na Cash Delivery. Eles eram os responsáveis pelo transporte do dinheiro ilícito da Odebrecht para a campanha do ex-governador de Goiás.
Entre os presos na operação estão o ex-presidente da Agetop, Jayme Rincón; o presidente da Codego, Júlio Vaz, o presidente da Comissão de Trabalho da Codego, Márcio Gomes Borges, e a sua esposa Meire Cristina Rodrigues Borges,que é assessora especial da governadoria do estado. Eles são suspeitos de envolvimento em crimes de lavagem de dinheiro por meio de contratos ilícitos.
O ex-presidete da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, já havia sido preso na Cash Delivery e foi detido novamente no andamento da Operação Confraria. Segundo o delegado da Polícia Federal, Charles Lemes, Jayme atuava como coordenador do repasse de valores da lavagem de dinheiro.
O advogado de defesa de Jayme Rincón, Romero Ferraz Filho, divulgou uma nota sobre a prisão do cliente. Segundo o Advogado, o fato causou espanto pois sequer houve pedido de prisão ou busca e apreensão formulado pelo Delegado da Polícia Federal que preside o inquérito. Ele reforça que promoverá as medidas para libertar o cliente.
“A Operação Confraria, que foi deflagrada na manhã de hoje, causou espanto à defesa de Jayme Rincón, em relação ao qual sequer houve pedido de prisão ou busca e apreensão formulado pelo Delegado de Polícia Federal que preside o inquérito. Além do mais, foi fundamentada em elementos que já eram conhecidos quando o TRF-1ª Região revogou as prisões anteriores, dizendo serem desnecessárias. À defesa, que compareceu e acompanhou o interrogatório, foi negado o acesso imediato aos autos de investigação, em clara violação ao enunciado de súmula vinculante no 14 do STF. Entretanto, tão logo lhe seja franqueado, promoverá todas as medidas cabíveis para restaurar a liberdade de seu cliente”
Apreensões
Segundo o delegado da Polícia Federal (PF) Charles Lemes, foram apreendidos em Goiás, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal, 14 veículos, entre eles carros de luxo, três apartamentos, quatro casas e jóias. Todo o material apreendido está avaliado em R$10 milhões. Também houve a apreensão de R$120 mil em espécie durante a ação.
“Um casal que recebe aproximadamente R$15 mil reais tinha gastos mensais de R$30 mil, tinha veículos avaliados em R$600 mil, além de imóveis de R$4 milhões. Valores que comprovam a incompatibilidade com a renda recebida pelo casal”, explica o delegado.
Em nota, o Governo de Goiás informa que acompanha os desdobramentos da Operação Confraria e que os servidores envolvidos foram afastados da função.
“O Governo de Goiás acompanha com atenção os desdobramentos da Operação Confraria, da Polícia Federal, realizada na manhã desta quinta-feira e informa que já foi determinado o afastamento dos servidores, citados na operação, de seus respectivos órgãos. O Governo de Goiás enfatiza ainda que apoia e colabora com todas as investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.”
Cash Delivery
A Operação Cash Delivery foi desencadeada no dia 28 de setembro e teve Perillo como alvo. O que motivou a apuração policial foram delações premiadas de executivos da Odebrecht. Eles afirmaram ter repassado R$ 12 milhões para campanhas de Marconi em 2010 e 2014, em troca de favores no governo. Para a PF, o ex-presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) Jayme Rincón era quem recebia os recursos em nome de Perillo, que é apontado como chefe do esquema.
No dia 28 de setembro, além de checar endereços do tucano, agentes também prenderam Jayme Rincon, coordenador de campanha do governador derrotado nas eleições deste ano, José Eliton (PSDB). Rincón foi colocado em liberdade no dia 5 de outubro, por decisão do desembargador federal Cândido Ribeiro.
Também foi preso motorista de Jayme, o policial militar Márcio Garcia de Moura. Na casa dele, a polícia encontrou maços de dinheiro em espécie. O filho de Jayme, Rodrigo Godoi Rincon também está entre os investigados. Ele foi colocado em liberdade por um habeas corpus, concedido no dia 3 de outubro. O ex-policial militar e advogado Pablo Rogério de Oliveira e o empresário Carlos Alberto Pacheco Júnior também foram detidos. Apenas Márcio Garcia de Moura continua preso.