PF troca superintendentes de Goiás, DF e mais 24 estados
Nova superintendente em Goiás era Delegada Regional Executiva e participou de operação que chegou a prender ex-governador Marconi Perillo (PSDB)
A Polícia Federal (PF) trocou os 26 superintendentes regionais da corporação nos estados. Em Goiás, quem deixa a função é o delegado Josélio Azevedo de Souza, o qual é substituído por Marcela Rodrigues de Siqueira Vicente. Ela ocupava a função de Delegada Regional Executiva e esteve à frente de investigações importantes no estado, como a Cash Delivery realizada em 2018, que resultou na prisão do ex-presidente da Agetop, Jayme Rincón, e – após as eleições daquele ano – do ex-governador Marconi Perillo (PSDB).
Entre outras funções, Marcela ocupou a chefia da Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários da Polícia Federal em Goiás. As mudanças nas superintendências ocorrem três semanas após o delegado Rolando Alexandre de Souza assumir como novo diretor-geral da Polícia Federal, no lugar do indicado Alexandre Ramagem – que teve acesso ao cargo barrado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Souza foi nomeado depois da saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça.
Operação no RJ
As nomeações dos novos superintendentes foram publicadas no Diário Oficial da União em edição extra nesta segunda-feira (25). Ao todo, lideranças da PF em 25 estados e Distrito Federal (DF), foram trocadas. Mudança ocorreu inclusive no estado do Rio de Janeiro, onde – segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro – o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria interferido politicamente em suposta tentativa de proteger familiares e aliados.
No início do mês, em depoimento, Moro disse ter sofrido pressão do presidente da República, Jair Bolsonaro, para mudar o comando da Polícia Federal e que cabe ao chefe do Executivo responder por que queria a troca. Como prova, afirmou ter recebido uma mensagem de texto de Bolsonaro na qual estaria escrito: “Moro, você tem 27 superintendências (da PF), eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”.
A preocupação com investigações, desconhecimento sobre processos, síndrome de perseguição, inimigos políticos e fake news seriam alguns dos principais pontos de preocupação de Jair no Rio.
Um dia depois da troca, operação foi realizada na manhã desta terça-feira (26) naquele estado, onde a corporação cumpre 12 mandados de busca e apreensão no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do Governador do estado, Wilson Witzel (PSC), desafeto público de Bolsonaro. O motivo são suspeitas de desvios de verbas direcionadas ao combate da covid-19.
No Rio de Janeiro, assumiu o cargo o delegado de Polícia Federal Tácio Muzzi Carvalho e Carneiro. Muzzi substitui Carlos Henrique de Oliveira, que irá para Brasília ocupar a diretoria-executiva, o segundo cargo na hierarquia da PF.