Pílula que reduz em 90% o risco de contrair HIV chega a Goiás
O medicamento é uma das formas utilizadas para evitar a doença. Além da capital, Aparecida de Goiânia e Anápolis participam da implementação da PrEP
Antes alvo de dúvidas e polêmicas, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) entrou de vez no Brasil. O medicamento reduz em 90% o risco dese contrarir HIV. Segundo a coordenadora estadual de IST/Aids em Goiás, Milca de Freitas, a PrEP estará disponível no Estado inicialmente em Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia.
“Em Anápolis ela já está sendo ofertada no Serviço de Assistência Especializada – SAE. Na capital, será ofertada no HDT a partir do dia 16 de agosto. Em Aparecida de Goiânia, a oferta terá início quando o Serviço de Assistência Especializada – SAE for inaugurado”,explica.
A coordenadora ainda explica tratamento consiste em ingerir um comprimido diariamente, mas o uso da camisinha não deve ser abandonado, pois o remédio não protege de outras DST’s como sífilis e gonorreia. Seu efeito leva sete dias para proteger quem pratica sexo anal e vinte dias para sexo vaginal, por isso a importância de fazer uso do medicamento diariamente e não só imediatamente antes de se expor.
Em pessoas soronegativas (não possuem o vírus) a PrEP bloqueia sua multiplicação ao entrar no corpo: o HIV até chega a algumas células, mas é impedido de multiplicar-se. A consulta com os profissionais de saúde é fundamental para determinação ou não do uso da profilaxia.
Uso
Para utilizar o medicamento é preciso ter mais de 18 anos, não ter HIV e estar disposto a manter o uso do remédio por um período de tempo. O método deve ser acompanhado pelos médicos, com exames de sangue trimestrais.
O estudante Júnior Borges, 22 anos, adquiriu a medicação no exterior e faz a prevenção com Profilaxia há dois anos. “Um rapaz estava entregando panfletos sobre a PrEP, entrei no site do Ministério da Saúde para ter mais informações. Achei uma revolução na saúde, muito importante”. Perguntado sobre algum efeito colateral, explicou. “Não notei nenhum efeito, mas é indispensável sempre fazer exames para checar como está o fígado”, observa.
Questionado se o tratamento o fez abandonar o uso do preservativo, Júnior explica. “Não diria que me fez parar de usar camisinha, mas me deixou mais seguro nas relações sexuais. Antes eu ficava preocupado de contrair algo mesmo usando preservativo, depois do PrEP eu me sinto mais à vontade”.
Rede pública
O Brasil é o primeiro país da América Latina a oferecer o tratamento em seu sistema público de saúde. Em janeiro desse ano, a profilaxia já estava disponível em algumas cidades, e é esperado que num futuro próximo, o Sistema Único de Saúde (SUS) já ofereça o tratamento em todo país para os grupos mais vulneráveis à infecção pelo HIV.
Como determinados grupos estão sob maior risco de se infectar pelo HIV, Milca conta que esses grupos devem ser alvo prioritário para o uso do medicamento. “Estão elegíveis para o uso: gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans, trabalhadoras do sexo e casais sorodiferentes (quando apenas um dos parceiros é soropositivo). O importante agora é intensificar as ações de divulgação e conscientização sobre a profilaxia”.
Milca ressalta que o tratamento é mais uma opção adicional de prevenção do HIV, e não deve substituir o uso do preservativo e sexo seguro.
*Fabrício Moretti é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo