Plano de racionamento é apresentado pela Saneago
Diversas ações foram pautadas, principalmente o rodízio de abastecimento caso o nível da vazão chegue em 1,5 mil litros por segundos
A Saneago, por meio do presidente interino Marcelo Mesquita, apresentou o plano de racionamento à Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR) na tarde desta terça-feira (21). O plano foi uma determinação à empresa no Comitê Meia Ponte, que foi criado devido a constante baixa na vazão do rio. Entre os tópicos apresentados, é destacado uma possível realização de rodízio de água, caso o nível de captação do Meia Ponte atinja 1,5 mil litros por segundo.
Segundo o presidente, o objetivo do plano é promover o menor impacto possível no abastecimento público caso ocorra a redução da vazão do manancial. Com isso, foram determinadas ações estruturais, operacionais e de comunicação. Uma dessas iniciativas é construção da adutora que ligará o sistema João Leite ao Meia Ponte. Segundo Marcelo, 85% das obra já está concluída e a previsão é que essas integração se inicie no próximo dia 10.
“São 12 quilômetros de extensão. Em alguns pontos específicos não estão prontos devido a necessidade de uma intervenção maior, como atravessar duas rodovias e tem um trecho mais profundo. Até o dia 30 de agosto, toda a parte de assentamento dos tubos estarão prontas. Após isso, serão realizados testes, verificações nas conexões e a desinfecção da linha”, explica.
O plano ainda aponta para a criação de uma “Sala de Situação”, que servirá como ponto de monitoramento em tempo real sobre a vazão do sistema integrado da região metropolitana de Goiânia, principalmente do Meia Ponte. Além disso, essa central mostrará os cenários de captação de água e a distribuição dos recursos para as pessoas. “Antes, a medição que era realizada uma vez por semana acontecerá, a partir desta semana, três vezes por semana. Ou seja, na segunda, quarta e sexta-feira. Após isso, a medição ocorrerá a cada 15 minutos. A expectativa é que a sala esteja pronta no início de setembro.”
Marcelo ainda destaca que o controle de monitoramento de perdas foram fundamentais para a redução do desperdício de água na capital e região metropolitana. A instalação de válvulas redutoras de pressão, a substituição de hidrômetros, a priorização de vazamentos e combates às irregularidade, como as ligações clandestinas – popularmente conhecidas como “gatos”-, foram algumas medidas que levaram a queda de 21% de desperdício no mesmo período do ano passado.
“Essas válvulas, por exemplo, ajudam na regularização da rede, que evita um desgaste na tubulação e, consequentemente, reduz vazamentos. Essa pressão será monitorada e ajuda, não só no consumo doméstico, como vazamentos em vias públicas”, diz.
Caminhões-Pipas
Caso a vazão venha caindo ainda mais no período da seca e seja necessária um intervenção, a estatal destaca que será realizada a utilização de caminhões pipas para abastecer os consumidores essenciais, ou seja, aquele que não pode ficar sem água, como cais, hospitais, creches e presídios. Além disso, ele explica que a atuação desses caminhões será por meio de contratos, que já estão firmados.”Existe uma quantidade contratada para isso. São 3 mil consumidores dentro da região metropolitana. Já tem um volume de caminhões disponíveis e, se houver necessidade, é só contatar’, destaca.
Além disso, a Saneago divulgou que agora houve uma economia de consumo desde que foi implantada as medidas de comunicação. Somente em junho houve a redução no consumo em 7,8% pela população e 7,4% a menos em junho se comparado no mesmo período do ano passado. Além disso, o presidente destacou que haverá a publicação no site da empresa, a cada dois dias, da quantidade da vazão do Rio Meia Ponte. Também terá a lista atualizada de bairros que podem ser afetados caso a vazão do rio atinja os 1,5 mil litros por segundos e o acompanhamento online da situação dos reservatórios de abastecimentos públicos.
Histórico
O sistema do Rio Meia Ponte foi criado a partir de uma severa crise ocorrida nos anos 90, ocasião em que o Ribeirão João Leite chegou a secar. A barragem realizada no local serviu como forma de equilibrar a captação do rio. Hoje, o Meia Ponte passa pela mesma situação. Com a criação do Sistema Produtor Mauro Borges, 608 mil habitantes de Goiânia são abastecidos pelo Ribeirão João Leite.
O presidente lembra que uma ação positiva foi repassar o sistema de abastecimento da Região Norte de Goiânia do Sistema Meia Ponte para o João Leite. Para abastecer Goiânia, são captados 2,3 mil litros por segundos do Meia Ponte e 2 mil litros por segundo do João Leite. Esse sistema de abastecimentos juntos atendem mais de 1,6 milhões de pessoas.
No ano passado, diversos setores da região metropolitana sofreram com a falta d’água. Para isso, em março deste ano, o governo destacou situação de emergência nas duas bacias e com isso, decretou no Diário Oficial que designava à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima) tomar decisões sobre liberação ou suspensões de outorgas no Meia Ponte, priorização para o abastecimento público e dessedentação de animais e sobre a recuperação da margem do Rio.
Em julho, o Ministério Público solicitou que a Saneago realizasse um levantamento no qual foi constatado que 66 cidades poderiam sofrer com o desabastecimento por causa da escassez. O relatório destacava as ações tomadas pela estatal para que tal fato não ocorresse.
Apesar do aumento do nível do rio em relação ao mesmo período do ano passado, o Comitê Meia Ponte decidiu que a estatal deveria realizar a confecção do plano de racionamento para que fosse posto em ação caso a situação chegasse ao ponto crítico. Com a chuva que caiu sobre os últimos dias elevou a vazão do rio para 4,7 mil litros por segundo, registrado nesta segunda-feira (20). O número é bem maior que o registrado no último sábado (18), quando a vazão marcou 3,9 mil litros por segundos.
“Não tem data certa para implantação do rodízio. Ele será realizada quando o nível atingir 1,5 mil litros porn segundos. Pelos cálculos realizados pela nossa equipe, essa situação está descartada por agora e em setembro. As condições são mínimas para outubro. Para novembro, nossa expectativa é a retomada das chuvas”, finaliza.
*João Paulo Alexandre é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo.