Tragédia na Vila Itatiaia

PM que matou amigo e cometeu suicídio apresentava sinais de embriaguez, segundo testemunha

“O policial militar (PM) aparentava estar embriagado”. Foi o que relatou à Polícia Civil (PC)…

“O policial militar (PM) aparentava estar embriagado”. Foi o que relatou à Polícia Civil (PC) Leandro Alves, amigo do motorista de aplicativo Matheus Oliveira de Castro, 20, morto na tarde de quarta-feira (24) pelo PM Flávio Farias, 30, na Vila Itatiaia, região Norte da capital. Na sequência, o autor – que também era próximo da vítima – tirou sua própria vida. De acordo com o rapaz, o qual presenciou a cena, o primeiro disparo foi acidental e teria ocorrido quando o policial gesticulava com a arma na mão.

Também consta nos registros da PC que Matheus e Leandro estavam na companhia de um amigo identificado apenas como Pedro, na porta de uma sorveteria, quando o policial parou para conversar. Conforme expôs Leandro, o PM, por vários momentos, brincava e gesticulava com a arma, uma pistola Taurus, calibre .40, acautelada a ele pela corporação.

Segundo o jovem, Flávio resolveu que ia embora, mas por um instante, parou o carro em que estava na porta do estabelecimento, novamente gesticulando com a arma em punho. Foi quando ocorreu o primeiro disparo, cujo projétil atingiu Matheus, que estava em sua motocicleta, na cabeça.

Ao perceber a situação, Flávio saiu do carro e foi até o rapaz baleado. “Assustado com o resultado, voltou para o veículo. Logo um segundo disparo foi ouvido e o grupo logo viu o soldado desfalecido, baleado na cabeça”, consta no documento.

O Mais Goiás tentou, sem sucesso, contato com os delegados Magda Dávila, plantonista de quarta, e Marco Aurélio Euzébio, que assumiu o caso pela Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH).

“Acidente”

Imagens do circuito de segurança da sorveteria foram coletadas pela Polícia Técnico Científica e devem ajudar a polícia a elucidar os fatos. De acordo com o empresário Jerry Martins, apenas funcionários estavam no estabelecimento naquele momento, por volta das 17h10. “Matheus era cliente nosso, amigo dos meus funcionários e sempre estava por aqui. Era um rapaz muito bom, morto por causa de um ato de estupidez. Duas vidas foram ceifadas. Lamentável”.

De acordo com Martins, que assistiu às imagens antes de entrega-las à perícia, “tudo indica que se tratou de um acidente”. “Pelo o que a gente vê, o policial comete suicídio depois que entende a besteira que fez. A polícia ainda vai esclarecer, mas tudo sugere que o primeiro tiro foi acidental, porque não teve discussão nem nada. Nada que aponte para um homicídio. É uma coisa muito ruim para todos nós”, recorda.

Atendente de uma pastelaria próxima ao local, Jordana Guimarães, revelou a este portal detalhes de quando a situação foi percebida. “Estava trabalhando aqui e escutei os dois disparos. No primeiro, todo mundo aqui se abaixou. O segundo a gente viu acontecer. Em segundos os dois estavam caídos, mas o Matheus ainda respirava. Ele vinha direto aqui, era um rapaz extraordinário, que não tinha problema com ninguém”.

Contatos

Matheus chegou a ser levado com vida ao Hospital Estadual de Urgências da Região Noroeste de Goiânia Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). O óbito só foi comunicado às autoridades pelo irmão dele, Leonardo Oliveira de Castro, às 19h10. Flávio, por sua vez, morreu na hora. A Polícia Militar afirmou em nota que tomará providências para esclarecer os fatos.

A redação tentou contato com a família de Matheus, mas foi informada de que os membros não irão se pronunciar. O Mais Goiás não conseguiu localizar amigos e familiares de Flávio até o fechamento desta matéria, mas conseguiu apurar que o corpo já foi liberado e será sepultado no município de Ibicuí, na Bahia.