JUDICIÁRIO

PMs acusados de matar jovem com câncer em Goiânia vão para cadeia

Barbeiro Chris Wallace da Silva, de 24 anos, morreu seis dias após agressão em abordagem policial

PMs acusados de matar jovem com câncer em Goiânia vão a júri popular (Foto: Reprodução - Arquivo pessoal)

A Justiça determinou a prisão dos dois policiais militares acusados de matarem um jovem com câncer em Goiânia, em meados de novembro. Ele morreu seis dias após ser agredido em uma abordagem. Os PMs – Bruno Rafael da Silva e Wilson Luiz Pereira de Brito Júnior – foram indiciados por homicídio pela Polícia Civil, no começo do mês, que concluiu em investigação que Chris Wallace da Silva foi agredido durante ação dos agentes.

À época do indiciamento, a defesa dos policiais afirmou que o pedido de prisão era prematuro, e eles não tinham sido denunciados, além de não terem ação penal em andamento.

O Mais Goiás pediu um posicionamento para a PM, mas não teve retorno.

Decisão pela prisão dos PMs

Segundo o juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva, “cumpre salientar, que a liberdade dos denunciados (…) atenta contra a ordem pública e repercute de maneira danosa e prejudicial ao meio social em que vivemos, haja vista a gravidade do crime combinada com o modus operandi, tendo em vista que a vítima foi espancada em via pública, no período noturno, dando causa a um traumatismo cranioencefálico (…). Ressalte-se que há notícia de que a vítima informou que estava em tratamento de câncer”.

Além disso, o magistrado aponta que a liberdade dos PMs fez com que “a maioria das testemunhas optou por ser ouvida na condição de sigilosa, de modo que a segregação dos denunciados visa diminuir o temor de represálias que incida sobre as testemunhas”.

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Defesa

Ao Mais Goiás, a advogado da dupla, Luciana Carla Altoe de Lima Falcão, diz que a defesa “se manifesta pela falta de necessidade e desproporcionalidade da prisão, neste momento”. Segundo ela, as razões expostas não condizem com a realidade dos fatos.

Além disso, aponta que existem outras medidas previstas na lei processual, outras cautelares, uma vez que eles possuem residência fixa, são primários e servidores públicos. Eles, inclusive, já se apresentaram, de acordo com a advogada.

Questionada sobre o próximo passo, ela afirma que a defesa estuda o melhor caminho diante da prisão.

Relembre o caso

De acordo com os familiares, o barbeiro Chris Wallace da Silva, de 24 anos, saiu de casa por volta das 19h10 do dia 10 de novembro em direção a uma distribuidora de bebidas, na companhia de um amigo, para comprar um refrigerante. Durante o trajeto, os dois foram abordados e a vítima teria sido espancada por policiais militares.

Após a agressão, o jovem voltou para casa e foi para o banheiro da residência, onde teve crises convulsivas e vomitou sangue. A mãe da vítima acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (Samu), que o levou para um hospital. Segundo o relatório médico, Chris Wallace sofreu traumatismo na cabeça por espancamento, além de contusões nos pulmões e abdome.

Por causa dos ferimentos, o jovem precisou ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu e morreu seis dias depois.

Vale citar, uma câmera chegou a registrar Chris e um amigo passando por uma rua, próximo ao local onde houve a abordagem. A gravação mostra, ainda, uma viatura que se aproxima, mas não registra o que houve depois.