PMs acusados de participação em grupo de extermínio são absolvidos
Os quatros policiais militares (PMs) supostamente envolvidos na morte de Murilo Alves de Macedo, em…
Os quatros policiais militares (PMs) supostamente envolvidos na morte de Murilo Alves de Macedo, em 27 de agosto de 2010, em Goiânia, foram absolvidos. O julgamento ocorreu na tarde desta terça-feira (11) no Tribunal do Júri da 3ª Vara dos Crimes Dolosos contra a Vida, no Park Lozandes, na capital. Eles foram a júri popular, e a decisão foi unânime.
Os militares Vitor Jorge Fernandes, Cláudio Henrique Camargo, Alex Sandro Souza Santos e Ricardo Rodrigues Machado foram apontados como suspeitos de integrar um grupo de extermínio. Eles ainda foram acusados de homicídio, com qualificadora por motivo torpe, e recurso que impossibilitou a defesa da vítima e execução sumária após abordagem. Os militares foram presos no dia 15 de fevereiro de 2011 pela Operação Sexto Mandamento, da Polícia Federal (PF).
O juiz Jesseir Coelho de Alcântara presidiu a sessão que absolveu os quatro policiais. Na ocasião, os então réus foram absolvidos “mediante a tese negativa de autoria”, como consta a sentença. A defesa dos PMs alegou que eles agiram em legítima defesa.
Veja o vídeo da decisão:
Relembre o caso
Segundo a denúncia, no dia 26 de agosto de 2010, Murillo teria roubado um veículo carro e uma pistola de uma policial militar. No dia seguinte, os subtenentes lotados na equipe das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), Fritz Figueiredo e Hamilton Naves, avistaram o carro roubado.
Por volta das 19h45, na chácara Caveira, no Jardim Real, Fritz Figueiredo e Hamilton Neves teriam disparado contra Murillo Macedo. Conforme a denúncia, a equipe da Rotam, composta pelo tenente Vitor e os cabos Camargos, Alex e Machado, que também participaram do crime, chegaram no local às 19h53 e assumiram o suposto confronto.
À época, os telefones dos subtenentes estavam grampeados por indícios na participação de grupo de extermínio. O grampo permitiu que o Copom ouvisse a ordem de Fritz para que um dos ocupantes do carro parasse. Em seguida, ordenaram que ficassem com a mão na cabeça. Na sequência ouve-se um disparo. Logo após, foi possível escutar quando os militares perguntam a um segundo abordado pela arma e o que havia na bolsa. Neste momento, o Copom perde o sinal com os dois subtenentes.
Fritz Figueiredo, via telefone, mantém conversa com o cabo Camargos, orientando a equipe da Rotam comandada pelo tenente Vitor, a chegar no local do suposto confronto. A equipe dá cobertura aos subtenentes e assume a ocorrência. Os policiais, segundo a denúncia, alteraram a cena do crime e permitiram a saída de Fritz e Hamilton do lugar.
À PF, os militares omitiram a participação dos subtenentes e alegaram que Murillo havia resistido à prisão. Na ocasião, afirmaram que os disparos foram feitos “sob forte escuridão, poeira e distância do homem”. A perícia, no entanto, aponta que a trajetória dos projéteis foi descendente, o que reforça a hipótese de execução da vítima, inteiramente dominada, conforme o laudo. No local, a policial militar, dona do Honda Civic que havia sido roubado, constatou que nenhum dos disparos realizados pelos policias atingiu o veículo, o que contradiz a afirmação de fuga, resistência armada e confronto relatada pela equipe.