JUSTIÇA

PMs do COD que forjaram confronto foram soltos antes do tempo, diz MP

Seis policiais militares do Comando de Operações de Divisas (COD) foram presos em abril por execução de suspeitos

O Ministério Público (MP) se manifestou contrário à soltura dos seis policiais militares (PMs) do Comando de Operações de Divisas (COD) acusados de forjar um confronto durante uma abordagem em abril ocorrida no Setor Jaó, em Goiânia. Em petição enviada à Justiça, o órgão solicita explicação sobre a liberação antecipada dos acusados, conforme os cálculos baseados nas datas de prorrogação dos respectivos períodos de prisão.

Além disso, os promotores responsáveis pelo caso solicitaram a prisão preventiva dos policiais militares Wandson Reis dos Santos, Marcos Jordão Francisco Pereira Moreira, Wellington Soares Monteiro, Pablo Henrique Siqueira e Silva, Alan Kardec Emanuel Franco e Diogo Eleutério Ferreira acusados de forjar um confronto, como “garantia da ordem pública”, “por conveniência da instrução criminal” e “para assegurar a aplicação da lei penal”.

“Uma vez que se trata de delito hediondo, cometido com invulgar ofensa, circunstâncias que demonstra que o perigo gerado pelo estado de liberdade dos representados decorre da altíssima gravidade concreta dos delitos, sobretudo da tentativa de forjar provas, no intuito de incriminar as vítimas” argumentam os promotores.

A peça do Ministério Público ainda aponta que a gravidade do crime advém da condição de agentes de segurança pública dos investigados. “Os quais têm o dever de proteger a sociedade e zelar pela segurança pública, pela integridade física, moral e psicológica de cidadãos, pelo que se mostra configurada a gravidade concreta do delito”, pontua.

PMs do COD foram soltos porque prazo de mandado expirou

Os PMs do COD foram soltos do presídio militar no domingo (2/6). O documento ao qual o Mais Goiás teve acesso por meio do advogado, é assinado pelo tenente-coronel da PM, Bráulio de Souza Bessa. Ele informa à Justiça que os policiais foram colocados em liberdade em virtude de ter “expirado o prazo de mandado de prisão temporária”. 

Em nota, a PM diz que segue colaborando com a Justiça e reitera o compromisso de cumprir as decisões emanadas do Poder Judiciário. “Estamos comprometidos em garantir a transparência e a legalidade em todas as nossas ações.”

Vídeo mostrou execução feita por policiais militares de Goiás

Quatro policiais militares (PMs) do COD foram presos em 6 de abril como suspeitos de forjarem um confronto em ocorrência registrada no Setor Jaó, em Goiânia, no início da semana. Na ocasião, os agentes afirmaram que a morte de suspeitos foi uma reação ao serem atacados com tiros, mas um vídeo, gravado pelo celular de um dos mortos, mostrou que a ação se tratou de uma execução, visto que as vítimas estavam desarmadas.

Segundo a ocorrência registrada pela PM, Júnior José Aquino Leite, de 40 anos, e Marines Pereira Gonçalves, de 42 anos, que morreram na ação do COD, foram denunciados por um foragido da Justiça. De acordo com a denúncia, a dupla o havia procurado em uma chácara em Petrolina, na região metropolitana de Goiânia.

Ao não encontrá-lo, Júnior e Marines foram até a casa do foragido da justiça, em Trindade, invadiram o imóvel e furtaram diversos aparelhos. A ocorrência diz ainda que o denunciante afirmou que os dois estariam se passando por policiais civis e extorquindo pessoas com antecedentes criminais na zona rural de cidades próximas à capital.

Abordagem e confronto forjado

Procurados pelo Serviço de Inteligência do COD, os dois suspeitos, que estavam em um carro modelo HB20, teriam sido vistos trafegando pelo Setor Jaó. Nas proximidades do Centro de Treinamento do Vila Nova, eles foram abordados por uma equipe fardada, composta por um tenente, dois sargentos, e um soldado.

Os policiais relataram que, quando abordado, o suspeito que estava no volante do carro desceu e usou uma pistola para atirar contra a equipe, que revidou. Um tenente e dois sargentos, então, efetuaram nove tiros de fuzil e outros nove de carabina contra a dupla. O soldado que estava com a equipe e que dirigia a viatura não efetuou nenhum disparo.

Um dos abordados morreu na hora e o outro foi socorrido ainda com vida, mas não resistiu. Durante o registro da ocorrência, os PMs entregaram uma pistola e um revólver para a equipe da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) e afirmaram que as armas haviam sido usadas por eles contra a equipe.