HOMICÍDIO

PMs são presos suspeitos de forjar confronto para executar suspeito de roubo em Anápolis

Jovem de 22 anos que tinha um mandado de prisão em aberto por homicídio morreu nos fundos de casa onde morava com esposa em maio passado

Seis policiais militares da ativa foram presos na quarta-feira (6), suspeitos de forjarem um confronto para executar um suspeito de roubo em Anápolis (foto). Segundo denúncia feita pelo Ministério Público Estadual, todos os presos já se envolveram em outros homicídios durante o trabalho, sendo que dois deles participaram de sete ocorrências que terminaram com as mortes dos abordados.

A juíza Edna Maria Ramos da Hora, da 3ª Vara de Anápolis decretou a prisão dos seis militares, que não tiveram nomes, nem patentes divulgadas, atendendo a um pedido do MP. Consta na denúncia que os seis policiais participaram, no último dia 25 de maio, de uma ocorrência que culminou com a morte de Lucas Eduardo de Lima Dutra, de 22 anos.

O jovem, que já possuía antecedente criminal por porte ilegal de arma de fogo em 2019, tinha também um mandado de prisão em aberto, por suspeita de participação no assassinato de um primo de um coronel da PM. Os policiais que foram à casa dele no dia 25, porém, estavam investigando o roubo de um celular, praticado na noite do dia 24 de maio.

Os PMs, então, descobriram, no dia seguinte, que o celular levado de um estudante de uma escola militar havia sido negociado em uma boca de fumo. Após enviarem uma foto para o pai da vítima perguntando se aquele era realmente o celular do filho, os policiais colocaram o homem que estava com o aparelho na viatura, e fizeram com que ele os levasse até a casa do ladrão que teria trocado o IPhone por pedras de crack.

Três policiais militares, que estavam em uma viatura caracterizada, então, entraram na casa de Lucas Eduardo, que estava dentro do imóvel, junto com sua esposa. O suspeito de roubo, porém, fugiu pulando o muro, e, quando localizado, segundo a ocorrência registrada pelos PMs, teria usado uma pistola para atirar contra os policiais, ocasião em acabou baleado e morto.

Perícia concluiu que vítima estava ajoelhado e algemado quando foi baleado

A versão apresentada pelos PMs foi desmentida por um laudo pericial, que comprovou que Lucas Eduardo estava algemado e agachado ou de joelhos, quando foi atingido pelos disparos. A esposa do jovem, segundo o MP, foi colocada logo após o suposto confronto dentro de uma viatura descaracterizada e levada até a Rodoviária de Anápolis, onde foi obrigada pelos policiais a viajar para seu estado de origem, Tocantins, e ameaçada para que não retornasse mais a Goiás. Durante as investigações, o MP conseguiu uma cópia da passagem emitida em nome dela na mesma noite do suposto confronto.

Na denúncia do MP consta ainda que o socorro médico só foi solicitado pelos PMs 40 minutos após o suposto confronto, e que o suspeito teria tido morte imediata, após ser atingido com pelo menos quatro disparos. Os PMs presos, apurou o Mais Goiás, tem idades que variam, entre 27, e 48 anos, e, segundo o MP, todos já se envolveram em ocorrências que culminaram em mortes de abordados.

Como as identidades deles não foram reveladas, a reportagem do Mais Goiás não conseguiu contato com as defesas dos policiais. A PM também não divulgou nenhuma nota sobre as prisões, mas o espaço está aberto, caso queiram se pronunciar.