PMs se revoltam ao serem chamados de ‘milicianos’ em prova de concurso da Polícia Civil em Goiás
Em nota, o comandante-geral da PM pede que a questão seja anulada e ainda critica o uso da palavra "capturada", também utilizada na questão
Policiais militares manifestaram repúdio após serem chamados de “milicianos” em uma questão da prova de concurso da Polícia Civil, realizado no último domingo (15). O comandante-geral da Polícia Militar de Goiás, coronel André Henrique, considerou a referência um “disparate inescrupuloso”, em nota publicada nas redes sociais.
No documento oficial, o comandante pede que a questão seja anulada e ainda critica o uso da palavra “capturada”, também utilizada na questão.
A questão de número 58 — formulada pelo instituto AOCP — versa sobre um interrogatório efetuado após uma prisão em flagrante por crime ambiental. Na formulação, os policiais forçam o autuado a responder perguntas, que se recusa e alega abuso de autoridade (veja abaixo).
O comandante-geral da PM contesta ainda o próprio contexto da questão e diz que policiais militares não realizam oitivas, o que é uma atribuição da Polícia Civil.
“O próprio contexto da questão se faz pernicioso, já que numa colheita de declarações de autuado em flagrante de prática delituosa, nossos bravos policiais militares não se farão vigilantes de tal ato – essa é uma responsabilidade da autoridade de polícia judiciária nos crimes de natureza comum. Será o policial militar, sim, inquirido quando da realização do ato de sua oitiva, como a própria questão aberrativa colocou” (sic), critica.
A Polícia Civil informou ainda que já encaminhou formalmente um pedido de explicação, esclarecimento e nota pública à empresa responsável pela realização do certame.
Leia a nota do comandante-geral da PM-GO
“Quero manifestar nosso inconteste repúdio, diante de um disparate tão inescrupuloso como o colocado na questão do concurso de Escrivão da PCGO, na data de hoje, no Estado de Goiás. Claro deve ficar, que a prova foi elaborada por empresa vencedora de processo licitatório.
Nefasto e funesto foi o texto apresentado; talvez, inclusive, com intenções muito além de levianas, de atingir uma Corporação que é patrimônio do povo goiano.
O próprio contexto da questão se faz pernicioso, já que numa colheita de declarações de autuado em flagrante de prática delituosa, nossos bravos policiais militares não se farão vigilantes de tal ato – essa é uma responsabilidade da autoridade de polícia judiciária nos crimes de natureza comum. Será o policial militar, sim, inquirido quando da realização do ato de sua oitiva, como a própria questão aberrativa colocou.
Ressalte-se que todo o arcabouço de normas regentes e construtivo da PMGO, em absolutamente ponto algum, usa o termo miliciano. Em nossos dizeres de caserna, mesmo que informais, também não fazemos uso de tal termo. Saibam disso.
Não tiveram os responsáveis pela elaboração de tal oração interrogativa, de forma nenhuma, o devido sentimento ético e moral, norteador das boas e salutares relações.
Nos ofendem gratuitamente, e devem, ao mínimo, uma severa retratação. Isso, entretanto, não eximirá a busca do caminho judicial, para que não mais subjuguem não só a PMGO, mas todos aqueles, policiais militares homens e mulheres, que pelo país afora, prestam serviços com seu próprio suor e sangue em benefício da preservação da ordem pública.
Ademais, questão é esta que deve ser anulada, até porque não se trata de pessoa “capturada”, afora tudo que foi acima claramente exposto. Simples assim.
Aos 15.01.2023,
Cel André – Cmt Geral“