Investigação

PMs suspeitos de assassinar empresário de Anápolis teriam participado de outras sete mortes

Fábio Alves Escobar Cavalcante, que tinha 38 anos, e foi morto a tiros na noite do dia 21 de junho de 2021

Os 10 policiais militares de Goiás que foram presos nesta terça-feira (19) suspeitos de envolvimento no assassinato de um empresário há dois anos em Anápolis também teriam tido participação nas mortes de outras sete pessoas, incluindo uma mulher. É o que diz a denúncia feita pelo Ministério Público, após investigação conduzida pela Polícia Civil, e que culminou com a decretação dos mandados de prisão expedidos contra os militares.

As apurações mostram que pelo menos cinco policiais militares, dois deles atuando de forma direta, participaram da execução de Fábio Alves Escobar Cavalcante, que tinha 38 anos, e foi morto a tiros na noite do dia 21 de junho de 2021 no Setor Jamil Miguel, em Anápolis. Na data do crime, a polícia descobriu que o empresário foi vítima de uma emboscada, quando, supostamente, se encontraria com algumas pessoas que queriam vender um lavajato a ele.

As investigações conduzidas pela PC, em parceria com o Ministério Público Estadual, apontaram que o celular que se comunicava, e marcou o encontro com Fábio Escobar, estava com um policial militar, que teria tomado o aparelho de um traficante de drogas. Este mesmo PM, ainda de acordo com o que foi apurado, teria sido reconhecido na execução de uma mulher, esposa do traficante que teve o celular tomado por ele, e também participou de duas supostas trocas de tiros que terminaram com as mortes de seis homens.

Os confrontos que segundo o MP, e a PC, foram forjados, ocorreram em Teresópolis de Goiás, e Anápolis. Um deles, de acordo com a PC, havia sido armado para fazer com que os três mortos figurassem como executores do assassinato da esposa do traficante.

Foto: Divulgação

Uma das armas apresentadas pelos PMs, que supostamente estaria com os três mortos, havia sido usada no assassinato da mulher, mas, de acordo com a denúncia do MP, havia sido “plantada” pelo militar, que seria o verdadeiro autor da execução da esposa do traficante. Vários outros policiais militares, aponta a denúncia, também contribuíram para estas oito mortes. Um deles, investigado pelo assassinato de Fábio Escobar, se matou após atirar contra uma equipe da Polícia Civil, que tentou prendê-lo no final do ano passado, em Anápolis.

Chamou a atenção, durante as investigações, o fato de alguns dos PMs presos hoje terem movimentado, em dois anos, mais de R$ 2 milhões em suas contas bancarias. Dias antes de ser assassinado, o empresário gravou vídeos afirmando que estava sendo ameaçado, e que temia por sua vida. A PC e o MP ainda não divulgaram qual teria sido a motivação da morte de Fábio Escobar, mas tudo indica que o assassinato teria sido encomendado.

Material apreendido pode levar a outros nomes

Além das 10 prisões realizadas na manhã de hoje, a PM e o MP também cumpriram 18 mandados de busca e apreensão em Anápolis, Caldas Novas, Nerópolis, Nova Veneza, Goiânia, e Brasília. Quatro destes mandados foram cumpridos na casa de policiais militares que não tiveram as prisões decretadas, mas também são investigados. A expectativa dos investigadores é que as apreensões levem aos nomes de outros envolvidos na morte do empresário.

Equipes da Corregedoria da PM acompanharam o cumprimento dos mandados de prisão, e de busca e apreensão. Em nota divulgada em conjunto com a Polícia Civil, a Secretaria da Segurança Pública de Goiás confirmou as prisões, disse que a Corregedoria da PM acompanha o caso, e que não compactua com qualquer desvio de conduta. Nomes e idades dos presos e demais investigados não foram divulgados.