Justiça

PMs suspeitos de matar jovem com câncer em Goiânia não vão mais a júri popular

Justiça atende recurso da defesa dos PMs

PMs suspeitos de matar jovem com câncer em Goiânia não vão mais a júri popular (Foto: Reprodução - Arquivo pessoal)

Os policiais militares suspeitos de matar um jovem com câncer em Goiânia não vão mais a júri popular. A mudança ocorre devido à Justiça ter acatado um recurso da defesa dos cabos da Policia Militar (PM) Bruno Rafael da Silva e Wilson Luiz Pereira de Brito Júnior, e agora, em vez de irem a júri popular pelo assassinato do barbeiro Chris Wallace da Silva, 24 anos, eles devem responder por lesão corporal seguida de morte.

Chris Wallace, estava com câncer quando foi espancado pelos policiais durante uma abordagem próximo casa em que morava, no Residencial Fidelis, em Goiânia. O caso aconteceu no dia 10 de novembro de 2021.

A decisão

Na nova decisão do Tribunal de Justiça de Goiás, consta que após análise das imagens próximas ao local em que o jovem teria sido abordado pelos policiais, foi identificado que Cris foi liberado pelos PMs e andava normalmente, aparentemente sem indicação de comprometimento neurológico.

Ainda, conforme a decisão, apesar das agressões que a vítima sofreu, ficou decidido que as provas nos autos não demonstram a intenção homicida dos acusados, entendendo que a conduta dos policiais é de lesão corporal seguida de morte.

Mudança em julgamento

Em 2023, tinha ficado decidido pelo Tribunal de Justiça de Goiás que os policiais militares Bruno Rafael da Silva e Wilson Luiz Pereira de Brito Júnior deveriam passar por júri popular. Na época, a decisão acolheu um parecer do Ministério Público de Goiás (MPGO), que entrou com recurso contra um parecer anterior que tinha desclassificado a conduta inicialmente imputada aos réus, de homicídio qualificado, para o delito de lesão corporal seguida de morte.

Em decisão anterior, MP-GO havia entrado com recurso, pois, mesmo tendo os policiais sido denunciados pelo órgão por homicídio triplamente qualificado, a Justiça havia desclassificado a conduta praticada pelos acusados para o crime de lesão corporal seguida de morte e determinado a remessa dos autos à Auditoria Militar da capital.

Vítima teria sido espancada mesmo avisando que tinha leucemia

Segundo a denúncia, a vítima caminhava com um amigo quando foi abordada pelos dois PMs. Após apresentar a documentação pessoal, o rapaz passou a ser repreendido e agredido violentamente.

Ainda conforme a denúncia, durante o espancamento, o rapaz informou aos policiais que tinha leucemia, suplicando para que as agressões fossem interrompidas, não sendo atendido. Ele conseguiu se desvencilhar e sair correndo, mas, ao chegar à casa em que morava, começou a passar mal. Levado para o Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (HUGO), Chris Wallace foi internado e permaneceu inconsciente até o dia de sua morte.  

Jovem saiu para comprar refrigerante e foi agredido

Conforme os familiares, Chris saiu de casa por volta das 19h10 do dia 10 de novembro em direção a uma distribuidora de bebidas, na companhia de um amigo, para comprar um refrigerante. Durante o trajeto, os dois foram abordados e a vítima teria sido espancada por policiais militares.

Após a agressão, o jovem voltou para casa e foi para o banheiro da residência, onde teve crises convulsivas e vomitou sangue. A mãe da vítima acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (Samu), que o levou para um hospital. Segundo o relatório médico, Chris Wallace sofreu traumatismo na cabeça por espancamento, além de contusões nos pulmões e abdome.

O Mais Goiás não encontrou a defesa dos policiais, mas espaço segue aberto para posicionamento.