TECNOLOGIA

Polícia Científica trabalha em imagens 3D no caso de mulher que teria sido morta por fisiculturista

Perito explica que as imagens são criadas após tomografia computadorizada, que faz "basicamente um fatiamento, como se tirasse milhares de raio-x e montasse em cima de uma forma e imagem em 3D"

O perito criminal Olegário Augusto revelou que a Polícia Científica já trabalha na geração de imagens 3D para identificar e detalhar as lesões no corpo de Marcela Luise de Souza. A mulher, que estava internada desde o último dia 10 de maio em um hospital particular de Aparecida de Goiânia, para onde foi levada pelo próprio companheiro, o fisiculturista Igor Porto Galvão, em decorrência de supostas agressões cometidas por ele, morreu na segunda-feira (20).

Olegário explica que as imagens são criadas após tomografia computadorizada, que faz “basicamente um fatiamento, como se tirasse milhares de raio-x e montasse em cima de uma forma e imagem em 3D”. Ele explica que o documento deve ficar pronto em dez dias e será encaminhado ao Ministério Público e ao Judiciário.

O perito revela o médico que vai analisar a imagem pelo computador poderá selecionar o tipo de tecido, ossos, massa encefálica, além de objetos estranhos, como projeteis em determinados casos. Em relação ao caso de Marcelo, serão verificadas todas as áreas que tiveram lesão.

“Essa imagem ficará no arquivo custodiado pela Polícia Civil e poderá ser acessada em outras situações, se necessário”, detalha a vantagem da indiferença em relação ao tempo. “Dentro da área forense é algo novo. O Estado inaugurou há um ano, sendo o quarto do País. Desde então, esse trabalho tem sido recorrente. Temos um plantonista todos os dias. Além disso, como é o júri quem julga crimes contra a vida, o auxílio visual ajuda.”

Caso

Marcela foi internada em 10 de maio em um hospital particular de Aparecida de Goiânia, onde foi levada pelo próprio companheiro, e morreu dez dias depois, em decorrência de várias agressões. Quando chegou na unidade, o fisiculturista Igor Porto Galvão, de 31 aos, afirmou que a esposa tinha se machucado após cair com a cabeça no chão, enquanto limpava a casa.

Os médicos que a atenderam, porém, decidiram acionar a polícia após constatarem que a mulher tinha vários hematomas não condizentes com uma queda, como traumatismo craniano dos dois lados da cabeça e na base do cérebro, além de fraturas na clavícula e em oito costelas.

Com as provas em mãos, a Polícia Civil solicitou e a justiça decretou a prisão temporária do fisiculturista, que foi preso alguns dias depois da internação da mulher. Durante audiência de custódia, Igor Porto Galvão teve sua prisão transformada em preventiva.

Feminicídio consumado

Após a morte da mulher de 31 anos, que teria sido agredida pelo marido, a delegada Bruna Coelho informou que ele responderá por feminicídio consumado. Segundo ela, o próximo passo é finalizar as diligências para remeter o inquérito ao Poder Judiciário.

“A defesa do investigado Igor Porto Galvão lamenta profundamente a morte de Marcela Luise, e continuará pronunciando apenas com relação às investigações”, disse a nota enviada ao Mais Goiás após a confirmação do óbito. Já sobre a detenção do suspeito, que também é nutricionista, eles dizem que, no ponto de vista da defesa, “não estão presentes os requisitos da prisão preventiva, ou seja, garantia da ordem pública, garantia da instrução criminal ou assegurar a aplicação penal”.

O advogado Thiago Marçal reforça que o cliente possui profissão licita (é nutricionista e educador físico), tem endereço fixo, é primário e em momento algum existe algo no processo que ele interferiu no bom andamento da investigação.

“Pelo contrário, a Polícia Civil esteve em sua residência fora de horário, a fim de fazer perícia, e ele autorizou. Perícia essa que teve como resultado inconclusiva. Importante salientar que o colega advogado, que estava acompanhando o Igor, já havia ido à delegacia e o colocado à disposição da autoridade policial. Até o momento, o Igor não foi ouvido. A defesa vai entrar com os pedidos cabíveis a fim de que a prisão preventiva seja substituída por medidas cautelares diferentes do cárcere.”