Numa operação denominada “Tiradentes”, policiais civis da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), em conjunto com o Grupo Tático (GT 3), desarticularam uma organização criminosa de tráfico de drogas que, há pelo menos três anos, vinha abastecendo as bocas de fumo de Goiânia e região metropolitana.
Com os cinco integrantes da quadrilha que foram presos na GO 060, os policiais apreenderam 2,7 toneladas de maconha e 630 quilos de insumos usados no refino de pasta de cocaína, além de duas camionetes produtos de roubos e um revólver de uso restrito.
De acordo com o delegado titular da Denarc, Alécio Moreira de Souza Júnior, esta foi a maior apreensão realizada este ano e uma das maiores da história daquela especializada. Os prejuízos para a organização criminosa, conforme destacou o delegado, são superiores a R$ 2,5 milhões.
Em pouco mais de dez dias, as apreensões da Denarc ultrapassam 4.125 quilos de maconha, 55 quilos de pasta base de cocaína e 630 quilos de insumos. “Destaco a excelência do trabalho da nossa equipe que vem, desde janeiro, fazendo uma investigação minuciosa na identificação desse grupo”, disse Alécio Moreira, justificando que várias viagens foram feitas ao Paraná até que se pudesse mapear e chegar a essa apreensão.
Além da Denarc, especializada da Polícia Civil para a repressão ao tráfico no estado, todas as forças policiais da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) estão voltadas para o combate ao tráfico de drogas e trabalhando em conjunto e em parceria com outras instituições e estados vizinhos.
Essa é uma das prioridades estabelecidas pelo vice-governador e secretário de Segurança Pública, José Eliton – no momento como governador em exercício – , que vem instituindo a integração das inteligências e das ações policiais em todo o estado.
“Reconheço o trabalho de excelência que os policiais do estado de Goiás realizam em prol da sociedade goiana. Meu respeito a todos os policiais que por quatro meses se dedicaram intensamente a esta investigação. Esse é um trabalho que nos enche de orgulho e nos motiva a avançar no combate à criminalidade. Parabéns a todos”, afirma José Eliton.
Tiradentes
Segundo o titular da Denarc, as investigações começaram a partir de pequenas apreensões de drogas na região do Jardim Petrópolis, em Goiânia, em que se identificou Ildes José Marques Júnior, 31 anos, como o líder da organização que mensalmente trazia grande quantidade de drogas do Paraná.
Ildes tem passagens pela polícia por crimes de estelionato e também de descaminho, que é a venda no país de produtos sem nota fiscal. Para o carregamento deste mês, Ildes, que era responsável por providenciar dinheiro e veículos para o transporte da carga, viajou ao Paraná e lá ficou oito dias, negociando com os traficantes.
Os outros quatro integrantes da organização viajaram depois para aquele estado para providenciarem o embarque e transporte da droga. São eles: Gustavo Henrique Vieira de Paula, 21 anos, com passagens pela polícia por roubo, posse de arma, falsidade ideológica e uso de documento falso; Simeir Vinícius Ferreira Silva, 22 anos, com duas passagens por roubo, estelionato e adulteração de sinal identificador de veículo; Jeverson Pereira dos Santos, 40 anos, sem registros criminais; e Rodrigo Fernandes, 24 anos, também sem passagem anterior.
Estratégia
Os traficantes entenderam que o período do feriado prolongado de Tiradentes seria um momento propício para voltarem à Goiânia com o carregamento, uma vez que o grande fluxo de veículos nas rodovias facilitaria que o comboio passasse despercebido pelas barreiras. Por volta de 17h, desta sexta-feira, eles foram abordados e presos próximo à Trindade, na GO 060, em uma camionete S10, uma Toyota Hilux e um Fiesta Sedan Preto. Dirigiam as camionetes, Gustavo e Vinícius, enquanto o chefe da quadrilha, Ildes José Marques Júnior, conduzia o Fiesta com os outros dois comparsas.
As duas camionetes haviam sido roubadas em Goiânia, em janeiro deste ano, e foram apreendidas pela Denarc que encontrou, ainda, na casa de Ildes Marques, uma arma de fogo de calibre restrito e munições. Conforme ressaltou o delegado Alécio Moreira, para o carregamento da droga não havia qualquer camuflagem. Era só abrir as portas das camionetes que a droga caía por todo lado. Além da ousadia dos traficantes em aproveitar o feriado para o transporte de quase três toneladas de maconha, o delegado destacou a capacidade financeira da quadrilha para realizar toda a articulação e trazer toda essa droga para a capital.
Segundo, ainda, o titular da Denarc, nenhum dos traficantes tinha qualquer outra atividade. Eles viviam exclusivamente do tráfico de drogas. “A atividade deles era trazer a droga e ganhar dinheiro, vendo o seu tráfico sustentar vários outros crimes e trazer problemas para a sociedade”, ressaltou. Evitar que toda essa droga chegue às bocas de fumo, conforme lembrou Alécio Moreira, é evitar crimes graves como homicídios e roubos. “Se eles não são responsáveis diretos por homicídios, estão envolvidos indiretamente, porque é essa droga que distribuída lá na ponta, de quilo em quilo, que vai produzir esses crimes, então eles são os verdadeiros responsáveis pelos crimes envolvidos com o tráfico”, acentuou.
Retrospecto
No dia 14 último, a Denarc divulgou a apreensão de cerca de 1,5 tonelada de maconha. Um homem de 45 anos foi preso em flagrante em uma caminhonete com a droga na BR-060, próximo ao município de Posselândia, na Região Central do Estado. Ele vinha do estado de Mato Grosso do Sul, e foi detido na tarde do dia 13. A polícia chegou até o suspeito após dois meses de investigações.
Além da droga, foram apreendidos um revólver calibre 357, de uso restrito, e dois rádios comunicadores. A caminhonete é fruto de um roubo ocorrido em janeiro deste ano, no Jardim Guanabara, em Goiânia. Vivaldo Pereira Filho não tem passagens pela polícia e confessou ter recebido R$ 5 mil para transportar o entorpecente.
O montante apreendido geraria no mercado do crime, considerando o valor final da droga, cerca de R$ 1,2 milhão. Segundo o delegado Alécio Moreira, titular da Denarc, as investigações apontam que a droga seria distribuída na capital e na região Metropolitana. “Identificamos que o Vivaldo era o responsável por trazer a maconha para Goiânia, agora estamos tentando identificar o proprietário ou proprietários, já que pode se tratar de um consórcio e, a partir de então fechar o cerco contra esses traficantes”, explicou o delegado à época.