Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão contra sócios do Ingoh
Operação apura relação fraudulenta entre o Instituto e a antiga cúpula do Ipasgo. Ex-diretor do Hugo também é alvo de mandado
A Polícia Civil cumpre na manhã desta quinta-feira (12) mandados de busca e apreensão contra 19 sócios e funcionários do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh). Eles são suspeitos de integrar uma organização criminosa que atuaria junto com antigos servidores da cúpula do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo), os quais, segundo as investigações, desviaram aproximadamente R$ 50 milhões.
Um dos mandados de busca foi cumprido na sala da diretoria técnica do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e na casa do ex-diretor da unidade, Romeu Sussumu Kuabara.
Segundo informações levantadas pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Geccor), os suspeitos criaram um esquema de superfaturamento através da criação e utilização de um auditor robô. Com esse recurso, que realizava auditoria automática das contas do Ingoh, criava-se ausência de glosas, ou seja de bloqueio de valores indevidos.
Eles realizavam também auditorias volumosas de contas do Ingoh, efetivadas por auditores do Ipago, que mantinham vínculo com o instituto, configurando conflito de interesses. O Geccor também apurou que eles criaram e utilizaram de empresas terceirizadas para a consecução das auditorias fraudulentas com influência direta dos membros da antiga cúpula do Ipasgo sobre os sócios da empresa.
Desvios
Através destes procedimentos, os membros do esquema criminoso conseguiram realizar desvios no montante de mais de R$ 50 milhões. Segundo apurou o Geccor, os desvios eram feitos através da inaplicabilidade do desconto de 15% previsto no regime de credenciamento especial do Ingoh, somado à desproporcionalidade da tabela de medicamentos oncológicos. Além da ausência quase absoluta de glosas nas contas do Ingoh durante do período de credenciamento oncológico especial.
Além disso, as investigações mostraram que havia pagamento indevido de taxa de uso de sala do Ipasgo ao Ingoh de medicamentos por via oral, intramuscular ou subcutâneo (não compatíveis com a cobrança). O grupo agia também através de pagamento do Ipasgo de medicação quimioterápica sobre frasco cheio ao Ingoh. O tratamento era diferenciado, já que as demais clínicas oncológicas recebiam por fração utilizada do medicamento.
Havia ainda estabelecimento de subdosagem, ou de medicações de custo baixo com cobrança de medicamentos de referência, além do agrupamento de pacientes para tratamentos. Todas as condutas direcionadas ao superfaturamento de contas do Ingoh.
As investigações ainda mostram que houve apropriação de dinheiro público de honorários médicos do Ipasgo por parte do presidente do Ingoh, sem a efetiva contraprestação de trabalho.
A Polícia Civil ainda relaciona a morte do paciente Alexandre Francisco de Abreu com a prescrição e aplicação de “tratamento quimioterápico inadequado com objetivo de angariar vantagem indevida”.
A Operação Metástase tem participação de 160 policiais civis, delegados, escrivães e peritos criminais.
Respostas
Em nota, o Ingoh manifestou tranquilidade com a operação e afirmou que vem colaborando permanentemente com as investigações. O instituto afirma ainda ter se posicionado junto ao GAECO/MP pela abertura de todos os documentos, sistemas e fontes de dados e informações da empresa e de seus diretores para quaisquer buscas de informações de interesse da investigação. Confira a íntegra do documento:
[olho author=””]
O Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia manifesta sua total tranquilidade com a operação policial de buscas promovida pela investigação nominada como Operação Metástase, especialmente porque vem colaborando permanentemente com as investigações, tendo se posicionado junto ao GAECO/MP-GO, em documento formal, pela abertura de todos os documentos, sistemas e fontes de dados e informações do instituto e seus diretores para quaisquer busca de informações de interesse da investigação policial.
É de total interesse do INGOH a restauração da verdade, confiante nos métodos e na ética da empresa que construiu credibilidade e respeitabilidade em 50 anos de atuação no mercado goiano, nunca tendo se envolvido com atividades irregulares.
O INGOH está certo que logo, através das investigações da Polícia, Ministério Público e da atuação do Judiciário, ficará comprovado que o Instituto não tem qualquer envolvimento com os supostos atos de ilegalidades praticados junto ao IPASGO.
À imprensa informamos a nossa postura de transparência e pleno compromisso com a verdade, solicitando compreensão pela necessidade circunstancial de nomear como porta-voz do INGOH o advogado Iure de Castro que apresentará novos posicionamentos e esclarecimentos necessários.
[/olho]
Também em nota, a direção da nova gestão do Hugo se limitou a dizer que colabora com os policiais. Segundo a unidade, os alvos nas dependências do hospital eram computadores, documentos e setores utilizados pelo ex-diretor Romeu Sussumo Kuabara.
O Ipasgo também se pronunciou.Veja a íntegra da nota:
[olho author=””]
O Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) apoia o andamento da Operação Metástase, da Polícia Civil do Estado de Goiás, que investiga um esquema criminoso que ocorria no órgão nas gestões passadas. Os primeiros indícios de fraudes e desvios apareceram em auditoria promovida pela atual gestão do Ipasgo, cujos dados foram reportados à Controladoria Geral do Estado.
O Ipasgo informa que espera que todos os fatos relativos a tais denúncias sejam adequadamente apurados. A nova gestão do instituto esclarece que, desde o início do ano, atuou para fortalecer as medidas de transparência e o combate à corrupção.
O instituto tem apoiado de forma incondicional o andamento das operações da Polícia Civil e todas as informações solicitadas pelos órgãos de controle, como Controladoria Geral do Estado e Ministério Público, e pela Secretaria de Segurança Pública, estão sendo fornecidas.
Ao longo deste ano, a nova gestão do Ipasgo informa que tem trabalhado para avançar nas ações de controle e para regularizar a situação financeira do instituto. Neste período, foram pagas as dívidas deixadas pelos governos anteriores com a rede credenciada, que chegavam a quase R$ 500 milhões. Após esta etapa, os pagamentos para empresas e profissionais credenciados ao Ipasgo foram regularizados e as datas de quitações foram unificadas pela primeira vez na história do plano.
A rede credenciada foi ampliada e novos serviços de saúde passaram a ser oferecidos em várias regiões do Estado, como Entorno do Distrito Federal, região metropolitana e oeste goiano. Em Aparecida, a nova gestão inaugurou a primeira unidade do projeto Ipasgo Clínicas, que agora oferece pronto atendimento 24 horas para crianças e programa saúde da mulher.
[/olho]