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Polícia desmantela esquema de venda de notas fiscais falsas a comerciantes da Rua 44

Levantamento mostra que empresas fantasmas, abertas em nome de moradores de rua e de catadores de material reciclável, deram um prejuízo superior a R$ 60 milhões à Receita Estadual

Cinco pessoas, três delas da mesma família, foram presas pela Polícia Civil suspeitas de montar empresas fantasmas que vendiam notas fiscais falsas a comerciantes da Região da Rua 44, em Goiânia. O prejuízo estimado pelo Fisco Estadual com a emissão dos documentos é superior a R$ 60 milhões.

Foragido da Justiça do Maranhão, onde responde por estelionato, Gesiel Machado, de 46 anos, segundo a polícia, mudou-se para Goiás há três anos, e, junto com a esposa Aline Fernandes da Silva, de 28 anos, e com a sogra Euza Nazária da Silva, de 45 anos, montou vários negócios irregulares.

“Inicialmente ele usava a própria foto, da esposa ou da sogra, com nomes diferentes, para abrir empresas, mas recentemente passou a aliciar moradores de rua e catadores de material reciclável. Após oferecer entre R$ 50 a R$ 100, ele levava estas pessoas para tomar banho e vestirem roupas novas, tirava fotos, confeccionava documentos falsos, e então, abria empresas fantasmas” relatou a delegada Ana Cláudia Stoffel, da Delegacia de Investigações de Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT).

Mais de 50 documentos com fotos de moradores de rua e catadores de material reciclável foram apreendidos com os suspeitos de golpe (Foto: Áulus Rincon/Mais Goiás)

Além dos três, a polícia também prendeu Walmir Luiz Inácio, de 51 anos, e Thaycowisk Pereira Garcia, de 38 anos. “Durante as investigações, que começaram no ano passado após a denúncia de uma pessoa que teve seu nome e foto usados de forma indevida, nós descobrimos que depois de criar as empresas, o Gesiel as vendia, em média por R$ 1.500, cada, para o Walmir e para o Thaycowisk, que, então, ofereciam as notas para os comerciantes da 44”, concluiu Stoffel.

As notas frias, segundo o delegado fiscal de Goiânia, Fernando Bitencourt, eram usadas principalmente pelos comerciantes que trabalham de forma informal na 44. “São lojistas que até hoje não possuem registro junto ao Fisco Estadual e que usavam estas notas para poder viajar a fim de comprar mercadoria. Só que eles pagavam para os golpistas entre três, a cinco por cento do total da compra, mesmo valor que seria cobrado pelo Governo Estadual, caso eles estivessem com tudo regularizado”, pontuou.

Durante a operação que culminou com a prisão dos cinco suspeitos, a polícia descobriu que eles montaram pelo menos 32 empresas fantasmas só este ano. Mais de 50 documentos com fotos de pessoas que teriam sido aliciadas foram apreendidos. Os detidos responderão por sonegação fiscal, falsidade ideológica, falsificação de documentos e associação criminosa.