Polícia diz que pai premeditou o assassinato do filho
Alexandre José da Silva Neto chegou a perseguir o filho pelas ruas do Setor Aeroporto
A morte do estudante Guilherme Silva Neto, de 20 anos, pode ter sido premeditada pelo próprio pai. Segundo do delegado responsável pelo caso, Hellynton Carvalho, o engenheiro Alexandre José da Silva Neto, de 60 anos, não aceitava o “modo de vida” do filho, que participava de movimentos sociais e estudantis.
De acordo com o delegado, Alexandre estava esperando o filho em uma esquina próxima a residência deles. Assim que Guilherme saiu de casa, acabou sendo alvejado pelo próprio pai. “O filho ainda conseguiu correr cerca de um quarteirão. O pai perseguiu ele com o carro e, alcançando ele, efetuou mais disparos contra ele”, relata Carvalho.
Imagens gravadas por uma moradora de um prédio próximo ao local do crime mostra o momento em que o homem recarrega a arma, deita sobre o filho e dispara contra si mesmo. “Tudo indica que o crime teria sido premeditado”, frisa o delegado.
Segundo informações do G1, a mãe de Guilherme, a delegada aposentada Rosália de Moura Rosa Silva, disse à polícia que pai e filho tiveram uma discussão na manhã do crime motivada pela reintegração de posse em uma unidade ocupada por estudantes. O jovem queria participar das ocupações, mas o engeheiro não concordava.
Testemunhas também relataram que o engenheiro não queria que o filho participasse de protestos em uma escola em Goiânia. “Ele falou que preferia matar o filho ao vê-lo participar de um protesto”, contou uma das testemunhas ao delegado Hellyton Carvalho.
Ativista
Guilherme Silva Neto era estudante de matemática da Universidade Federal de Goiás (UFG) em Goiânia e participava ativamente de movimentos sociais e estudantes. Em seu perfil no Facebook, há publicações sobre as ocupações, PEC dos gastos públicos, implantação das Organizações Sociais (OSs) e cultura do estupro.
Ativistas ligados aos movimentos estudantis em Goiás se manifestaram hoje nas redes sociais. O professor Rafael Saddi lamentou que o conflito ideológico entre pai e filho tenha motivado o crime. “Não aceito, não. O Guilherme está morto. Um jovem que tinha o melhor da juventude: sua indignação, sua coragem e seu idealismo. Para quem conheceu o Guilherme, não era possível separar sua vida de suas ideias. Tampouco, poderão separar sua morte”, diz o texto.
Em nota, a UFG lamentou a morte do jovem.