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Polícia investiga clínica de reabilitação por maus-tratos e tortura em Goiânia

A Polícia Civil investiga uma clínica de reabilitação feminina suspeita de maus-tratos e tortura contra…

A Polícia Civil investiga uma clínica de reabilitação feminina suspeita de maus-tratos e tortura contra as internas. O centro terapêutico fica localizado no Jardim Guanabara, em Goiânia e abriga 53 mulheres com depedência química por álcool e drogas. O abrigo passou a ser investigado depois que pacientes denunciaram o local pelos atos de violência.

De acordo com a polícia, agentes civis e servidores da Vigilância Sanitária estiveram na clínica na tarde desta quinta-feira (21). Porém, a investigação começou após três mulheres fugirem do local. Uma delas machucou o calcanhar durante a fuga e procurou a polícia. Ela relatou que as internas são vítimas de maus-tratos, castigos, torturas.

Maus-tratos e castigos

Um dos agentes questionou as internas a respeito dos supostos castigos e maus-tratos impostos pelos funcionários do local. “O que é esse castigo? É agressão?”, indaga. “Agressão! Eles gritam com a gente, cortam as ligações com familiares”, respondem as mulheres em um vídeo divulgado pela polícia. Uma outra mulher relata que as internas não têm acesso à banheiros. “A gente pegou uma vasilinha para colocar e fazer xixi nos quartos”, lamenta.

“Quando entreguei uma procuração, pra dizer que eu tinha o direito de ficar aqui fora, eles me trancaram num quarto. Me obrigaram a tomar remédios. Eu tentei resistir, mas até cortaram o meu queixo, tive que dar ponto”, disse uma das internas. “Meus braços são todos cheios de picadas de percevejo, porque aqui é cheio. A gente mal dorme, com medo!”, acrescentou outra paciente. Veja os relatos completos abaixo:

https://youtu.be/qKQ6vZpwqV4

Pacientes denunciam clínica de reabilitação por maus-tratos, mas local também apresenta outras irregularidades

Durante a visita, as autoridades constataram que o local não tinha alvará de funcionamento. Além disso, o abrigo também não contava com extintores de incêndio e, dos três banheiros, apenas um estava em funcionamento.

Aos policiais, as internas relataram que ninguém recebeu a vacina que protege contra a Covid-19. Ainda segundo as mulheres, os administradores do local teriam cobrado R$ 150 para aquelas que quisessem se vacinar. Outro agravante, segundo os policiais, é que o local nem mesmo oferece às internas máscaras de proteção, nem álcool em gel.

Devido às várias irregularidades, a Vigilância Sanitária interditou o centro e deu 72h para que os administradores encaminhem as internas para a família ou abrigo.

*Larissa Feitosa compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Hugo Oliveira.