Polícia investiga sequestro que custou R$ 50 milhões às vítimas em Goiás
Empresário alemão e a esposa foram obrigados a transferir quase R$ 50 milhões em bitcoins
A Polícia Civil de Goiás investiga o sequestro de um empresário alemão e sua mulher em Anápolis, distante 55km de Goiânia. O resgate foi pago em bitcoins pela própria vítima, ainda em cativeiro. O valor seria equivalente a quase R$ 50 milhões em criptomoedas.
O fato aconteceu em setembro de 2020 e foi revelado no domingo (25), em reportagem do Fantástico. As vítimas não tiveram os nomes divulgados.
Câmeras de segurança registraram o momento em que a residência do casal foi invadida no dia do sequestro. Na ocasião, eles foram colocados em um carro e os sequestradores ainda levaram o computador das vítimas.
Os sequestradores os levaram para uma região de mata, onde foi feito o pedido de resgate para a própria vítima. Os criminosos reivindicaram criptomoedas, mais especificamente bitcoins. Segundo a polícia, os sequestradores tinham conhecimento dos ativos financeiros do casal.
O empresário alemão tinha 555 bitcoins. Depois que a transferência das criptomoedas foi concluída, o casal foi abandonado na mata.
Vale citar que quem tem moedas virtuais guarda no computador pessoal ou no celular, e só o dono tem a chave de acesso a elas.
Dois grupos
De acordo com as investigações, o dinheiro foi transferido para dois endereços virtuais e depois para vários outros. Dois grupos estariam envolvidos sendo um em Goiás e outro em São Paulo.
Entre os responsáveis pelos endereços em que os valores chegaram está o trader [investidor] Edgar Acioli. Ele atua comprando e vendendo ativos financeiros nos mercados de capitais. Inclusive, no mesmo ano, ele tinha movimentado parte dos bitcoins para o empresário alemão.
Este mês, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa dos suspeitos em São Paulo e em Goiás. Na capital paulista estão Acioli, um empresário ligado a ele e outras pessoas que receberam dinheiro virtual. Em Goiás, os responsáveis pela logística do sequestro e por armazenar o computador para garantir a transferência dos bitcoins.
Na operação, a polícia apreendeu mais de R$1 milhão, joias, carros e bloqueou imóveis que teriam sido comprados com o dinheiro das vítimas. Mas ninguém foi preso, porque o crime aconteceu há dois anos, e a Justiça entendeu que os criminosos não oferecem risco às investigações.
Edgar Acioli está preso por participar de outro crime. A defesa dele, diz que Acioli desconhece os fatos, que vai se manifestar depois da conclusão do inquérito e que sequer ele foi ouvido pela polícia.