GOIÁS

Polícia investiga venda de agrotóxicos cancerígenos usados na alimentação de gado

Defensivos que deveriam ser usados exclusivamente em lavouras eram misturados na ração dos animais

A Polícia Civil investiga um esquema criminoso de venda ilegal de agrotóxicos usados na alimentação de bovinos, em Goiás. Segundo a corporação, os produtos deveriam ser utilizados em lavouras, mas estavam sendo misturados na ração dos animais com o objetivo de combater pragas da prática agropecuária, como moscas e carrapatos. Ao todo, quatro empresas em Goiânia e uma em Jaraguá passaram por inspeções pelos órgãos especializados nesta terça-feira (6).

Conforme a corporação, o esquema é prejudicial à saúde dos bovinos e a do ser humano, pois possui grande quantidade de toxinas, inclusive cancerígenas.

De acordo com o delegado Webert Leonardo Lopes, foram coletadas provas do avanço das vendas ilegais feitas com indicação diferente da que é cientificamente recomendada pelo fabricante do produto e legislação vigente. A negociação é realizada por proprietários, vendedores, engenheiros agrônomos e médicos veterinários, que muitas vezes não são habilitados para prescreverem os defensivos para proprietários rurais, além de não exigirem a inscrição do agropecuário.

Segundo o investigador, além de afastar as pragas, a prática ocorre pois o preço do produto agrotóxico é menor em comparação ao produto recomendado para alimentação do gado. Estima-se que a economia seja de 20% do custo total. Entre os principais produtos agrotóxicos vendidos pelas casas agropecuárias estão o DIMILIM e o TRULYMAX.

Especialistas explicam que, ambos produtos citados, contém em sua composição química substâncias tóxicas, que são nocivas à saúde do gado e também a de humanos, que irão consumir a carne e o leite destes animais. Alguns estudos específicos mostram ainda que os produtos também possuem substâncias cancerígenas, e deveriam ser utilizadas exclusivamente em plantações e não misturadas na ração do gado.

A operação descobriu ainda que além do risco para a saúde pública, há também irregularidades na emissão de notas fiscais em nome de terceiros. Segundo a corporação, as investigações continuam em busca de outros engenheiros agrônomos e médicos veterinários que colaboram para o crime, além de produtores rurais, especialmente agricultores, que estejam alimentando o gado com referidas substâncias e expondo o mercado de consumo goiano ao risco relatado.

Os responsáveis pela venda dos produtos poderão ser autuados por crime de venda de produtos impróprios para consumo, além de associação criminosa. Os investigados também podem sofrer interdição da empresa, multa, suspensão e/ou exclusão da habilitação para desempenho das profissões.

Participam da operação a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás (CRMVGO), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREAGO) e Delegacia de Polícia Civil de Jaraguá e da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon).