RETROSPECTIVA

Polícia não vê Lázaro há três dias; buscas completam duas semanas

Suspeito de matar um família em Ceilândia (DF) está foragido desde o dia 9 de junho

Força-tarefa (Foto: Paula Coutinho)

Há, pelo menos, três dias Lázaro Barbosa não é visto pelos cerca de 270 policiais que patrulham a região de Cocalzinho de Goiás. Nesta terça (22), as buscas completam 14 dias.

No QG da força-tarefa, no povoado de Girassol, se concentram jornalistas, agentes de segurança, mas também curiosos na expectativa de descobrir em primeira mão o paradeiro do homem mais procurado do País.

Nesta segunda (21), o novíssimo Disque-Denúncia recebeu aproximadamente mil ligações. Infelizmente, a maioria era trote, ou sem relevância para o caso, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO). Além disso, o Exército cedeu 40 rádios comunicadores para auxiliar as buscas. Os policiais também contam com cinco cães farejadores, entre eles Cristal, cadela que atuou na busca por vítimas em Brumadinho.

Vale lembrar, desde o dia 9 de junho, quando Lázaro teria matado, em Ceilândia, o empresário Cláudio Vidal, 48; dois filhos dele, Gustavo Marques, 21; e Carlos Eduardo Vidal, 15; e sequestrado a mãe deles, Cleonice Marques, 43, – que foi encontrada sem vida e nua, próximo a casa onde vivia, no dia 12 de junho -; os policiais do DF e de Goiás procuram pelo suspeito que, no dia 12, invadiu uma casa na zona rural de Cocalzinho de Goiás e baleou três pessoas.

De lá para cá, muitas pistas surgiram e, até mesmo, encontros. No dia 13, Lázaro teria invadido uma chácara em Cocalzinho, revirado a casa e roubado um Corsa vermelho. À noite, ele abandou o veículo na BR-070, após avistar bloqueio policial perto do povoado de Edilândia e fugiu a pé para a mata. Oficialmente, não foi confirmado que era, de fato, o suspeito que estava no carro.

Já no dia 14, à noite, o suspeito pediu comida em uma chácara em Edilândia, mas fugiu diante da negativa do caseiro, trocando tiros com ele. No dia 15, ele fez três reféns, na região de Edilândia: um casal e uma adolescente, que conseguiu acionar a polícia, que os resgatou e trocou tiros com Lázaro, que conseguiu fugir pelo rio.

No último domingo (20), eram 270 homens nas buscar por Lázaro. A teoria dos policiais é que ele continua escondido na mata entre Edilândia e Girassol, em Cocalzinho de Goiás.

Outros acontecimentos

Fora da investigação principal, mas relacionado ao caso, uma empresa de Valparaíso ofereceu uma recompensa de R$ 50 mil por informações. A própria instituição confirmou ao portal que enviou a proposta “dentro dos trâmites jurídicos para o comandante”, mas não comentou para quem ou mostrou o ofício. A SSP informou que não comentaria iniciativas particulares.

Outra situação recente foi o pedido da Defensoria Pública do Distrito Federal para “proteção especial à integridade física e mental e a proteção contra qualquer forma de sensacionalismo e exposição vexatória” de Lázaro. A preocupação do órgão é que existe um exagerado “sensacionalismo” nas buscas, além da proliferação de memes e comparações com filmes de ações.

O pedido foi negado, nesta terça (22). Para a juíza da Vara de Execuções Penais do DF, Leila Cury, “os pedidos defensivos formulados para ‘proteção especial à integridade física e mental e proteção contra qualquer forma de sensacionalismo e exposição vexatória’ são deveras inoportunos, pois dependem da concretização de fatos futuros e incertos sobre os quais este Juízo não pode decidir”.

Ainda segundo a magistrada, “não se sabe nem mesmo se, havendo recaptura, o sentenciado virá imediatamente para o DF”, uma vez que as ações se concentram em Goiás. “Além do mais, não se pode pressupor que as autoridades policiais envolvidas descumpririam o princípio da legalidade ou da dignidade da pessoa humana, notadamente quando a velha máxima do Direito prescreve que a boa fé é presumida.”

Fora de Goiás e DF

Longe de Goiás, Hamilton César Lima Bandeira, 23 anos, foi morto no povoado de Calumbi, próximo a Presidente Dutra, no Maranhão, após ser alvejado por três tiros de policiais civis, que apuravam a denúncia de ele estaria exaltando – nas redes sociais – os crimes de Lázaro Barbosa.

Naquele momento, em nota, a Polícia Civil informou que enviou equipes à residência do homem, identificado como Hamilton Cesar Lima Bandeira, pois temia que ele realizasse crimes semelhantes aos de Lázaro, já que suas postagens na internet faziam apologia ao crime e indicavam que ele aprovava os comportamentos do foragido do entorno do Distrito Federal.

Segundo a corporação, quando os policiais chegaram na casa, o rapaz estava apenas na companhia de um idoso de 90 anos e não atendeu a ordem policial, tentando atacar os agentes. Por esse motivo, a equipe efetuou disparos de arma de fogo contra o Hamilton, que ficou gravemente ferido. Ele chegou a ser levado a um hospital, mas não resistiu.

Familiares e amigos se revoltaram e protestaram contra a violência. Segundo a mãe de Hamilton, ele tinha deficiência intelectual. A polícia abriu inquérito para apurar o caso.

No Mato Grosso

Mas Hamilton não foi o único impactado pelo caso. O cantor maranhense Vinícius Borges, de 35 anos, tem sofrido com comparações com o suspeito. Em um vídeo nas redes sócias ele pede que as pessoas parem com isso. “Por favor, não façam esse tipo de brincadeira”, faz um apelo.

Natural do Maranhão, ele está em Sorriso, Mato Grosso. “Não estou no Maranhão, estou no Mato Grosso e ninguém me conhece aqui”, disse ele, em vídeo do último dia 18, antes de registrar um boletim de ocorrência. “Na região aí [do Maranhão], sei que as pessoas me conhecem. Os riscos seriam mínimos. Mas estou em outro estado”, continua.

Segundo o cantor, as pessoas têm feito postagens com montagens com ele e Lázaro. “Por favor, não continuem com essa brincadeira de mau gosto”, reforça. “Vamos parar com esse tipo de brincadeira.”

O procurado

A série de crimes atribuída a Lázaro Barbosa, 32, teve início em entre 8 e 9 de abril de 2020, quando ele teria invadido uma propriedade rural de Santo Antônio do Descoberto. Quatro idosos estavam no local. Um deles foi atingido com golpe de machado na cabeça, mas sobreviveu, embora apresente sequelas, segundo a Polícia Civil goiana. Os outros idosos também foram agredidos, com menos gravidade. Lá ele roubou bens e celulares que depois foram recuperados pelos investigadores. À época ele foi indiciado por crime de roubo mediante restrição da liberdade das vítimas, emprego de arma branca e por tentativa de latrocínio.

O Mais Goiás segue acompanhando cada passo do caso Lázaro. O portal conta com a correspondente Paula Coutinho, direto de Girassol, que apura em tempo real os passos da polícia e os acontecimentos mais recentes.