A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) prendeu seis pessoas na madrugada desta sexta-feira (08/07) durante a operação denominada de “Papa-Defunto”. Segundo a investigação, coordenada pelo delegado Frederico Maciel, agentes funerários se aproveitavam do momento de vulnerabilidade dos familiares de pessoas falecidas e os abordavam antes mesmos deles entrarem em órgãos como o Insituto Médico Legal (IML) e a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas).
De acordo com o delegado, os familiares eram abordados a fim de firmarem contratos de prestação de serviços funerários. “Quando as pessoas entram na Semas, por exemplo, o servidor público informa as funerárias que trabalham legalmente e a tabela de preços. Então, os familiares já são abordados antes de entrar nos órgãos, aproveitando esse momento de vulnerabilidade onde a pessoa não está preocupada muito com o valor e em contrato”, disse o delegado.
Durante a operação na madrugada desta sexta-feira, foram flagrados seis agenciadores de seis funerárias diferentes na porta da Semas, mesmo local onde funciona um cartório de registro de óbito em regime de plantão. Segundo Maciel, a operação foi realizada através de denúncias de consumidores e também de um boletim de ocorrência registrado pelo Sindicato das Empresas Funerárias de Goiânia, que reclamou da prática de concorrência desleal cometida por essas outras empresas. “As funerárias que agem corretamente estão tendo prejuízos em razão de estar perdendendo a clientela para esse pessoal que está captando clientes”, ressaltou o delegado.
A investigação da Decon realizou levantamentos e apurou um material farto com vídeos, fotos e detalhamento da ação dos agentes funerários. Maciel ainda explicou que não é possível precisar o número vítimas que esses funcionários fizeram, pois a prática dessa abordagem existe há muito tempo. “Diariamente eles abordam várias pessoas, então são centenas de vítimas, e poucas pessoas procuram a gente aqui. Até as que procuraram nós tivemos dificuldade, porque a pessoa não quer aparecer, é uma situação muito delicada porque ela perdeu um ente. A pessoa já tem muitos problemas e ela não quer ir na delegacia”, relatou o delegado.
Os presos foram encaminhados a delegacia, onde estão sendo indiciados pelo crime de concorrência desleal. Ainda segundo Maciel, as empresas funerárias envolvidas também poderão receber multa de R$ 2 mil e, em caso de reincidência, correm o risco ter a concessão do serviço cassada.