Polícia sugere que inquérito contra adolescente que jogou recém-nascido em lote seja arquivado
Investigações apontam que além de não saber que estava grávida, mãe, que foi medicada como se estivesse com pedras nos rins, pensou que o filho havia nascido morto
Ao concluir o inquérito que apura o abandono de um recém-nascido que foi encontrado em um lote baldio no Setor Jardim Planalto em Goiânia, a Polícia Civil sugeriu que o inquérito, aberto contra a mãe do bebê, seja arquivado. Segundo o delegado Quéops Barreto, titular da Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai) de Goiânia, além de ter recebido um diagnóstico e medicação errados, a adolescente, que tem 16 anos, pensou que o filho havia nascido morto. O caso aconteceu em dezembro de 2019.
Em depoimento prestado logo após o encontro do bebê, no último dia 17, a adolescente contou que jogou o bebê por cima do muro da casa onde ela morava com os avós porque, além de não saber que estava grávida, imaginou que o filho estava morto. Ela conta que ele parecia não estar respirando. E diz que procurou dois médicos antes do parto, mas que nenhum deles detectou a gravidez. A versão foi confirmada pela polícia.
“Nós comprovamos que alguns dias antes de dar a luz, a adolescente esteve em um posto de saúde e, diagnosticada como se estivesse com pedra nos rins, acabou sendo orientada a tomar uma medicação que, além de adiantar o parto, fez com que a criança nascesse com problemas respiratórios. Diante de todos esses fatos, não há porque indiciarmos ela por tentativa de infanticídio”, descreveu Quéops Barreto.
O erro no diagnóstico, que segundo o delegado é raro, porém não é incomum, já foi comunicado pela Polícia Civil ao Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego). Mas os médicos não serão indiciados. A criança, de acordo com o delegado, continua internada, mas está se recuperando bem. E deve voltar mesmo para a mãe, que já declarou ter o desejo de poder criá-lo.