Polícia tem duas hipóteses para morte de mulher que teve corpo deixado na Praça do Trabalhador
Delegada acredita que, pela forma como o corpo foi deixado, autor do crime teve ódio e precisou se livrar de cadáver e motocicleta da mulher
A Polícia Civil já sabe que havia ódio em quem matou uma mulher e abandonou o corpo na Praça do Trabalhador, centro de Goiânia. O crime foi descoberto na manhã desta terça-feira (30), e Géssika Sousa dos Santos, de 28 anos, estava com mãos amarradas com fio elétrico. A mulher foi deixada, enrolada em um lençol, ao lado da própria motocicleta. Testemunha viu corpo ser deixado.
Duas linhas de investigação são tratadas e a delegada adjunta da especializada em Homicídios de Goiânia Magda D’Avila, que apura autoria e motivação da morte acredita haver indício de passionalidade, mas ainda trata com cautela as informações que surgem. “Temos certeza de que a pessoa que matou ela estava com muito ódio, para agir com requintes de crueldade como fez. O que temos ainda são informações coletadas nas primeiras horas da investigação, que ainda é recente, e vamos tratar com cautela para que um dia cheguemos à autoria.”
O marido da mulher, que segundo a delegada estaria acamado, ainda será ouvido e o depoimento dele tende a render detalhes importantes para a investigação. “Recebemos a informação de que ele estaria operado e não consegue se levantar da cama. O depoimento dele será importante para traçarmos um perfil da vítima. Com quem ela se relacionava, qual era o tipo de vida que levava e se tinha algum desafeto”, disse.
DESCARTE DO CORPO
A polícia ainda quer entender o motivo para que a pessoa responsável por matar a mulher tenha planejado o descarte do corpo e da motocicleta dela. Apesar de haver uma necessidade de retirar o cadáver do local onde aconteceu o crime, o assassino não se preocupou em deixar o corpo e a moto de Géssika à vista, em plena praça pública, onde passariam e perceberiam o fato.
A situação é analisada por um psicólogo forense como possível arrependimento. “Pode ser que o responsável por este assassinato tenha se arrependido do que fez, após ver que a vítima das violências estava morta, tentou ocultar o corpo, mas sentiu a necessidade do cadáver ser notado. É preciso analisar todo o contexto do crime, qual a relação que a vítima tinha com o autor, porque há uma relação de culpa e passionalidade — é como se o autor do crime tivesse o cuidado e zelo de preservar o corpo quando faz o preparo do cadáver e quando tem o cuidado em deixar ele fácil de ser encontrado pelas autoridades” observa.
RELEMBRE
O dia de terça-feira (30) ainda amanhecia, na Praça do Trabalhador, setor Central de Goiânia. O vigilante de uma empresa de transporte público que usa o local para guardar ônibus teve estranheza ao perceber um pacote. O volume era grande, enrolado em lençol, ao lado de uma motocicleta modelo Fazer, de cor azul e placa PRG-0568. Com um pedaço de madeira na mão o homem percebeu que se tratava de um corpo humano.
Com ajuda de um fiscal do transporte coletivo, o vigilante acenou para uma viatura do Corpo de Bombeiros que passava pelo local. Foi a equipe, com um médico abordo, que constatou se tratar de um cadáver. Daí em diante, a Polícia Militar foi acionada para isolar o local que já se enchia de curiosos. Pessoas paravam o trajeto que faziam e desciam de veículos para ver o que acontecia, e com celulares nas mãos, gravavam tudo.
O serviço policial já iniciava a buscar dados da proprietária da motocicleta, e tinha a suspeita de que se tratava de Géssika, quando uma vizinha da mulher confirmou. A perícia no local confirmou se tratar de morte violenta, com indícios, segundo a delegada D’Avila, de abuso sexual. “Tudo ainda será confirmado pelos laudos periciais, mas já temos fortes indícios de violência sexual.”