INQUÉRITO CONCLUÍDO

Policiais penais são indiciados por abordagem que resultou em morte, em Aparecida

Crime ocorreu há pouco mais de três meses, perto do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, quando Hermes Júnior de Oliveira foi baleado na nuca por engano

Justiça pede reanálise do MP sobre caso dos policiais que mataram jovem por engano em Aparecida (Foto: Reprodução - Redes Sociais)

A Polícia Civil indiciou os policiais penais investigados pela morte de um jovem de 26 anos durante uma abordagem, em Aparecida de Goiânia. A vítima estava com a família em um carro momentos antes de morrer. Três dos quatro acusados responderão por homicídio e fraude processual e um deles, só por fraude.

O crime ocorreu há pouco mais de três meses, perto do Complexo Prisional de Aparecida, na Região Metropolitana da capital. Hermes Júnior de Oliveira foi baleado na nuca. Na ocasião, a Polícia Penal afirmou que confundiu o carro da família com outro utilizado por criminosos.

Na época do crime e também em depoimento à Polícia Civil, os policiais penais relataram que tentaram impedir o lançamento de objetos proibidos dentro do presídio e se envolveram em um confronto com um veículo escuro ocupado por cerca de três pessoas, mas os criminosos conseguiram escapar.

Segundo os policiais, enquanto realizavam uma patrulha na região, avistaram um veículo com as mesmas características e decidiram seguir. Deram ordem para o motorista parar, mas ele não teria obedecido. Foi então que os policiais decidiram atirar nos pneus do veículo, alegando que não tinham a intenção de ferir nenhum dos ocupantes.

“Por supostamente tratar de um veículo conduzido por indivíduos de alta periculosidade, armados e que teriam atirados contra guarnição de policiais penais, foram realizados disparos de arma de fogo pelos policiais na tentativa de interceptação do veículo em fuga, sendo que o mesmo evadiu do local, sem ser novamente visto pelos servidores”, disse uma nota da DGAP, na época do crime.

Os policiais penais indiciados são:

  • Alisson Marcos: foi quem disparou o tiro que matou Hermes. Ele foi indiciado por homicídio e fraude processual;
  • Florisvaldo Ferreira da Silva Costa: indiciado por homicídio e fraude processual;
  • Alan de Moraes Amaral: indiciado por homicídio e fraude processual;
  • Osmar Pedro de Oliveira Junior: ele era o motorista, que não desceu do carro durante a abordagem e não atirou. Ele foi indiciado apenas por fraude processual.

Conforme a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), os policiais penais foram afastados de suas funções e um procedimento administrativo disciplinar está sendo conduzido pela corregedoria para investigar o incidente. A DGAP ressaltou que, se for comprovada qualquer infração, os servidores poderão ser submetidos a sanções disciplinares.

O inquérito policial foi finalizado na última sexta-feira (24) pela Polícia Civil e encaminhado ao Poder Judiciário na segunda-feira (27). O crime em questão ocorreu no dia 22 de novembro de 2022, no Setor Vale do Sol.

Investigações

De acordo com o delegado Rogério Bicalho, a abordagem ao veículo da vítima não seguiu os procedimentos adequados e os policiais não tiveram a intenção direta de causar o resultado, mas assumiram o risco, caracterizando dolo eventual.

Durante as investigações, a Polícia Civil encontrou um projétil no interior do veículo que não foi disparado por nenhuma das armas apreendidas, o que indica que pelo menos uma das armas dos policiais foi trocada para dificultar a investigação. O delegado acredita que algum funcionário da DGAP possa ter ajudado a forjar documentos para que isso fosse feito.

A DGAP informou que ainda não teve acesso ao inquérito policial e que se manifestará após a conclusão do procedimento administrativo disciplinar.

Três dos quatro policiais penais foram indiciados por homicídio com dolo eventual e fraude processual, enquanto o motorista da viatura, que não desceu do veículo durante a ação e não disparou contra o carro das vítimas, foi indiciado por fraude processual.