Pollara é transferido para a enfermaria e segue em observação
Ex-secretário estava internado na UTI do Hospital Ruy Azeredo
O ex-secretário de Saúde Goiânia, Wilson Pollara, deixou a UTI do Hospital Ruy Azeredo e foi transferido para a enfermaria, nesta terça-feira (3). A informação foi confirmada pela defesa dele, mas não foram dados mais detalhes.
Pollara passou mal na tarde do último domingo (1°) com suspeita de infarto agudo do miocárdio e precisou ser transferido da Casa do Albergado, onde estava preso, para uma unidade de saúde da capital. A defesa do ex-secretário tinha impetrado um habeas corpus, na data, mas teve o pedido negado pela Justiça na segunda-feira (2).
A própria defesa confirmou a negativa. “Como forma de proteger a saúde e a dignidade humana de seu cliente, a defesa impetrou ontem [domingo] um novo habeas corpus com pedido em liminar. Inacreditavelmente, mesmo com Pollara internado em um leito de UTI, o pedido liminar foi indeferido pela justiça”, disse trecho da nota.
Em entrevista recente ao Mais Goiás, o advogado do investigado, Thiago Peres, disse que teme pela vida do cliente, caso a manutenção da prisão temporária persista. O pedido de conversão para domiciliar feito na sexta-feira (29) também foi negado.
Por outro lado, no último sábado (30), o Ministério Público de Goiás (MP-GO) confirmou ao Mais Goiás que conseguiu a prorrogação da prisão temporária do ex-secretário de Saúde Goiânia, Wilson Pollara, em cinco dias. O processo corre em segredo e Justiça e o órgão não informou os detalhes, como a data do aceite do pedido ou até quando foi mantido o cárcere.
Conforme expõe a defesa, Pollara possui doença arterial coronariana e, atualmente, apresenta quadro de arritmias cardíacas e hipertensão arterial, dificuldade de locomoção em razão de problemas musculares, além de outras complicações decorrentes do tratamento de dois cânceres. Uma vez que a saúde do ex-secretário requer cuidados especiais, segundo o advogado, “a prisão temporária coloca em xeque a integridade física e a dignidade humana do cliente”.
Pollara foi preso por supostas irregularidades em pagamentos
A prisão do ex-secretário e outros dois ex-gestores da pasta, durante a Operação Comorbidade, ocorreu na manhã da última quarta-feira (27). Segundo o MP-GO, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), sob o comando de Pollara, tinha contato direto com os fornecedores da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), responsável pela gestão de três maternidades na capital, e realizava pagamentos de forma não oficial.
De acordo com órgão, Pollara e os outros investigados (Quesede Ayres Henrique que atuava como secretário-executivo da pasta e Bruno Vianna, então diretor financeiro da SMS) formaram uma associação criminosa que favorecia empresas por meio de pagamentos irregulares – e eles próprios -, desrespeitando a ordem cronológica de exigibilidade e causando prejuízos aos cofres públicos. O esquema impactou diretamente a gestão da saúde municipal, agravando a crise no setor. Recentemente, o caos refletiu na fila das UTIs com pessoas morrendo à espera de uma vaga.
Além das prisões, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão e determinada a suspensão das funções públicas dos três servidores. As ações foram realizadas na sede da Secretaria Municipal de Saúde, nas residências dos presos e de um empresário vinculado aos contratos investigados. Durante as buscas, os agentes encontraram R$ 20.085,00 em dinheiro na posse de um dos alvos.
Por meio de nota, enviada na data da operação, a prefeitura de Goiânia destacou colaborar com as investigações e que tomará as medidas administrativas cabíveis a partir do desdobramento da apuração feita pelo Ministério Público de Goiás. No mesmo dia, inclusive, o município trocou o secretário. A nova titular da pasta é Cynara Mathias Costa.