Ponto místico e de acesso restrito, Jardim de Maytrea é depredado por visitantes
Turistas invadem o local com intuito de posar para fotografias; diretor do parque lamenta comportamento indevido porque área está em fase de regeneração natural, após incêndio
Nove meses após a extinção do incêndio que devastou 66 mil hectares da Chapada dos Veadeiros, o que representou uma destruição de 28% da área total, atualmente o parque é alvo de uma nova ameaça. Turistas, com intenção de divulgação de fotos em redes sociais, ultrapassam os limites permitidos do Jardim de Maytrea, um lugar místico e que está em fase de regeneração natural, após as queimadas.
Apesar de belas, as imagens não podem ser feitas no local, porque, segundo o chefe da unidade de preservação Fernando Tatagiba, os campos são úmidos e tem “uma dificuldade muito grande de recuperação”. “Apesar de estar bonito e de possibilitar imagens lindas, nem nós mesmos que tratamos do parque podemos entrar em razão do grau de fragilidade do solo e da flora que aquele ponto específico possui”, disse.
Após a invasão, internautas exibem-se de formas e poses diferentes antes de compartilhar o conteúdo na internet. Para Tatagiba, no entanto, a depredação é consciente. “Não tem jeito deles pularem a cerca por não saberem que ali não pode entrar. Primeiro, porque há uma cerca, uma limitação de acesso, senão ela não teria necessidade; segundo que há placas por toda a extensão indicando que o acesso é proibido”.
A indignação do gestor também pode ser vista nas redes, em reposta às incontáveis fotos registradas indevidamente no jardim. “Há quase um ano o Jardim de Maytrea sofria com um grande incêndio. Agora, sofre com o pisoteio de pessoas que não respeitam a placa do Parque Nacional que existe no local e pulam a cerca, para caminhar e postar suas fotos (i)legais”.
Na publicação, ele descreve a sensibilidade dos campos úmidos e lamenta a ação dos visitantes. “Se corrupção é o ato de ‘pular’ uma norma pra ‘se dar bem’, então é necessário sabermos que as cercas do Parque Nacional são ‘materialização’ de uma norma que visa proteger a natureza”.
O responsável pela conservação finaliza: “Não adianta bater panela ou publicar “#” foraisso, “#” foraaquilo se a pessoa pula a primeira cerca que encontra no caminho. Respeito é bom e a Natureza agradece”.