Populares retiram pessoas com necessidades especiais de residência incendiada na Vila Nova
Enfermeiras pediram socorro e dois adultos com síndrome degenerativa e uma mulher com comprometimento intelectual foram retirados da casa. Mãe da moça e avó dos rapazes, idosa foi hospitalizada
Cinco pessoas foram retiradas por populares de uma casa em chamas no Setor Vila Nova na manhã desta quarta-feira (27). Na residência, que ficou destruída – com exceção de um cômodo – viviam uma idosa, 72 anos, uma mulher com necessidades especiais, 39, e outros dois homens, com 18 e 20 anos, acamados. Um adolescente que também morava no local estava na escola. Duas enfermeiras que trabalham em regime de plantão para cuidar dos rapazes com problemas de saúde conseguiram remover cilindros e concentradores de oxigênio, utilizados pelos pacientes, para evitar a possibilidade de explosão.
Do lado de fora da casa, elas pediram socorro e tiveram ajuda de construtores civis que estavam em uma obra nas proximidades. Segundo Célia Monteiro, 47, uma das enfermeiras, a fumaça era muita, mas os homens conseguiram retirar os habitantes da casa, que foram colocados na calçada do outro lado da rua.
“Eu tinha acabado de assumir meu plantão. A dona da casa, mãe da mulher e avó dos rapazes, nos deu bom-dia e sentimos um cheiro muito forte de fumaça. Quando abrimos a porta de um dos quartos, percebemos que não tínhamos tempo de fazer nada. Nosso maior desespero foi retirar as pessoas e os cilindros de oxigênio. Felizmente tivemos ajuda”, afirmou aliviada.
Acionados às 7h28, 15 bombeiros em cinco viaturas chegaram às 7h35 para combater o incêndio; as pessoas já estavam a salvo. As labaredas tiveram início em um quarto e, segundo o tenente Vilmar, atingiram as lajes e espalharam para os cômodos adjacentes. “Apenas um quarto permaneceu intacto, a porta estava fechada. Todo o resto foi consumido, incluindo móveis. Agora estamos na fase de rescaldo, quando eliminamos todos os focos para evitar reignição”, afirmou. Perícia irá avaliar risco de desabamento. A casa, segundo informações de familiares, era alugada.
Família
A chefe do lar, a idosa Maria Lúcia Franco foi levada para o Cais da Vila Nova. Segundo a referida enfermeira, a mulher respirou muita fumaça e precisava ser atendida. Filha dela e mãe dos rapazes, a também enfermeira Thatyana da Silva Franco, 40, falou com o Mais Goiás. “Está tudo bem, os meninos estão bem, assim como minha mãe e irmã, graças a Deus. Nesse momento eles foram para a casa de uma outra irmã, mas ainda não sabemos como faremos. Ainda não deu para pensar”. Veja vídeo da idosa deixando o local:
A família enfrenta uma situação financeira delicada, uma vez que tem três pessoas adultas com necessidades especiais: Mariane da Silva Franco, 39, com comprometimento intelectual; Yuri Franco Mizoguti, 18, e Ygor Franco Mizoguti, 22, ambos acometidos por uma síndrome progressiva e degenerativa chamada de Atrofia Muscular Dentato Rubro Pálido Louisiana, razão pela qual são completamente dependentes.
“Eles são muito dependentes, se alimentam com sondas e moram com minha mãe. Temos enfermeiras à disposição 24h por dia para realizarem os cuidados. Após campanha feita por uma TV, conseguimos diversas doações, entre alimentos, fraldas… muita coisa. Mas tudo se perdeu. De material não sobrou nada. Nesse momento, toda ajuda é bem-vinda”.
Interessados em ajudar podem depositar recursos para Thatyana da Silva Franco. Caixa Econômica Federal – agência: 2256; conta poupança: 4165-3; Operação: 013.
Incêndios
Apenas em 2018, foram registrados pelo Corpo de Bombeiros 1.480 incêndios urbanos em Goiás. Desses, 572 ocorreram em residências, de modo que 158 foram registrados no mês de maio. De acordo com o tenente coronel dos Bombeiros Fernando Caramaschi, a maioria dos casos em residências estão ligados a parte elétrica da casa ou ação direta humana, seja intencional ou não.
“Isso é o que nossas perícias vem indicando. É preciso ter cautela com sobrecarga de energia, com vários equipamentos conectados em uma só tomada, porque isso gera aquecimento e pode ocasionar um incêndio. De outro lado, equipamentos que apresentam funcionamento inadequado devem passar por manutenção. Além disso, é preciso que pessoas realizem vistorias para avaliar as condições das instalações em suas casas, porque elas tem vida útil”.