Praça de Esportes do Setor Pedro Ludovico completa cinco anos de abandono
Obra que começou em 2014 não foi concluída e local acumula problemas que têm colocado em risco a saúde e a segurança de moradores do bairro
Entulhos, sujeira e mato alto. É esse o autal estado da Praça de Esportes do Setor Pedro Ludovico, local que já foi uma das principais áreas de lazer da região, mas que hoje passa por uma situação de abandono que tem colocado em risco a saúde e a segurança de moradores do bairro.
O local já tem mais de 50 anos e oferecia, até 2013, seis modalidades esportivas e ajudava na formação de jovens, além de oferecer atividades voltadas aos idosos. Naquele ano, o anúncio da reforma da praça chamou a atenção de quem já praticava esportes no espaço. Ansiosos pela melhoria do local, os alunos deixaram as aulas e aguardaram o retorno, que nunca veio. “Um dia na aula de natação a professora disse que as aulas seriam interrompidas para a reconstrução do prédio e depois disso nós nunca mais vimos isso aqui funcionar como era antes”, diz o estudante Elisson Luiz, 18.
Elisson ainda frequenta o local para jogar futebol com os amigos, mas sente falta da boa fase do local. “Aqui nós fazíamos aulas de natação e futebol. Era muito bom, a gente tinha o que fazer. Éramos orientados por professores e participávamos de campeonatos. A gente lembra de como aqui era organizado”, comenta o estudante.
Abandono
No chão, em meio ao mato alto, a placa do governo com o anúncio da reforma em 2014 no valor de R$ 2.039.372,71 já começa a desaparecer. A obra, que tinha previsão de ser concluída em fevereiro de 2015, até chegou a começar, mas foi paralisada no mesmo ano.
Hoje, além do mato alto que toma conta de entorno do campo de futebol – apenas a área interna dele é podada – , as estruturas da obra inacabada também atraem usuários de drogas. “Às vezes a gente está aqui brincando ou fazendo uma caminhada e os caras ficam aqui usando drogas perto da gente”, afirma José *, 17, estudante que frequenta o local para jogar ‘bola’.
Durante as entrevistas, a equipe do Mais Goiás esteve na praça várias vezes e flagrou jovens usando entorpecentes na frente de crianças que jogavam futebol no campo. Moradores da região também relataram que o local funciona como um ponto de tráfico de drogas.
As piscinas da praça também representam outro risco para os moradores vizinhos. Em uma delas, há uma lona, mas ela está rasgada e água da chuva acumulou e criou um possível criadouro do mosquito Aedes Aegytpi. Na outra, não há nenhuma espécie de proteção e a água e lixo estão se acumulando no local.
Mesmo com esses problemas, a Secretaria de Educação de Cultura e Esporte de Goiás (Seduce) abriu, neste ano, vagas para três modalidades esportivas – vôlei, basquete e futsal – na Praça de Esportes do Setor Pedro Ludovico. Contudo, não há em nenhuma das quadras poliesportivas do local cesta de basquete, torres para instalação da rede de vôlei e nem traves de gol.
Em nota, a Seduce informou que as aulas, que começaram no último dia 15, acontecem normalmente.
Ajuda de moradores
Segundo moradores, o campo de futebol ainda está conservado porque o administrador da praça ainda cuida do local. Mas, como não há verba para a manutenção do espaço, o servidor pede doações às pessoas que utilizam o campo para ajudar na manutenção do lugar.
Ainda de acordo com moradores, o dinheiro arrecadado é utilizado na poda do gramado e na marcação do campo para a realização de jogos, por exemplo. “Ele não faz nada de errado, ele só faz o que o poder público não faz”, disse uma vizinha do parque, que preferiu não se identificar.
Outro lado
A Agência Goiana de Transporte e Obras Públicas (Agetop), responsável pela obra, justificou que a interrupção da reforma é consequência de mudança administrativa do governo estadual. Com a extinção da Agência Goiana de Esporte e Lazer (Agel) e a criação da Secretaria de Educação Cultura e Esporte (Seduce), o repasse de dinheiro para a execução da obra ficou “travado”.
Em nota, a Agetop informou que a reforma da praça está em fase de assinatura de contrato e emissão de ordem de serviço do início da obra, que está prevista para começar na primeira quinzena de março.
Confira mais fotos do local:
*José é um nome fictício.