Prefeitura de Goiânia vai discutir abertura da Feira Hippie às sextas
Defensor da pauta, o vereador sargento Novandir afirma que sem esse dia de funcionamento haverá falência dos feirantes
Após manifestação na Região da 44, na última sexta-feira (24), pelo funcionamento da Feira Hippie às sextas-feiras, o Comitê de Crises da Prefeitura de Goiânia se reunirá para debater a demanda. No momento, a feira é permitida com restrições e as barracas só podem ser montadas em sistema de revezamento aos sábados e domingos.
Para o vereador sargento Novandir (Republicanos), apoiador da pauta dos trabalhadores, a abertura sem a sexta-feira vai culminar na falência desses trabalhadores. “Abrir no sábado e domingo seria concordar com a proposta e falir”, acredita o parlamentar ao comentar a decisão da Associação da Feira Hippie e feirantes de não abrir sem esta possibilidade.
Sedetec
Segundo o secretário Walison Moreira, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Tecnologia (Sedetec), a reunião está prevista para a próxima segunda-feira (3) – como ocorre semanalmente –, mas não está descartado um encontro extraordinário antes desta sexta (31). “Mas a Sedetec já encaminhou ofício para a secretaria de Governo para colocar na pauta a demanda”, garante.
Walison explica que esteve, na segunda-feira (27), com a Associação da Feira Hippie e prometeu levar o assunto ao comitê. Ele expõe, contudo, que o tema envolve várias secretarias, pois trata de trânsito, economia e saúde. Além disso, ele reforça que, originalmente, a sexta-feira não estava prevista como dia de abertura da feira.
“A sexta-feira não existia. Foi permitido provisoriamente pelo prefeito Iris (MDB) o funcionamento até o início das obras da Praça do Trabalhador [local onde estava a feira antes de ir para transversais da 44]. Inclusive, antes de um decreto de 2016, esta só funcionava aos domingos. O sábado foi uma conquista dos feirantes”, explicitou.
Inclusive, Walison deixa claro que a sexta-feira não é uma compensação pelas obras na Praça, pois não houve interrupção dos trabalhos.
Demanda
A demanda pela sexta é econômica, observa Walison. “É o dia da chegada de caravanas e excursões de outras cidades. Metade das vendas acontecem na sexta.” De acordo com ele, a feira mudou de característica, não sendo mais varejo para a família goianiense, mas atacado para munícipes de outras cidades.
“Imagine gente vindo de outras cidades… O risco de contagem [pelo novo coronavírus] é muito grande”, se preocupa e emenda: “A Associação está condicionando o retorno a abertura de sexta. Existem milhares querendo trabalhar nos fins de semana, mas não voltaram pela posição da Associação.”
Walison enumera, ainda, que existem 33 feiras especiais registradas na prefeitura de Goiânia. Todos poderiam ter voltado no último fim de semana. 32, de fato, retornaram. Somente a Feira Hippie não.
Vereador
Na Câmara alguns vereadores têm auxiliado os feirantes. Entre eles, sargento Novandir. O parlamentar afirma que, se a Feira não abrir na sexta-feira, os trabalhadores irão falir e a feira acabar.
Sobre o prazo provisório de funcionamento da sexta, ele declara que este foi combinando quando havia o entendimento de uma revitalização mais rápida na Praça do Trabalhador. “Seria até a praça ficar pronta”, rebate as informações de Walison.
“Eu luto pelo feirante da Feira Hippie, pois são os mais humildades. Além disso, 45% da venda deles ocorre na sexta-feira. Os da 44 são empresários.” O vereador, junto com representantes da feira, propôs, inclusive, a possibilidade de funcionamento somente na sexta e sábado.
Questionado sobre as afirmativas do secretário de aglomeração e risco da transmissão da Covid-19 com abertura na sexta, ele enfatiza que todos os protocolos serão rigidamente seguidos, além de outros mais. “Fora que aglomerações em outros pontos, na 44, vão se espalhar. Ou seja, vai diminuir em outros lugares.” Novandir pontua, também, a tentativa de distribuir barracas na Rua 67-A, o que traria ainda mais segurança na visão dele.
Por fim, sobre o desejo de alguns retornarem e a postura da Associação em não permitir, ele nega. Segundo o parlamentar goianiense, em reunião com Valdivino da Silva (presidente da Associação), lideranças e feirantes ficou claro que, sem a sexta, é impossível sobreviver. “E abrir no sábado e domingo seria concordar com a proposta e falir. Isso seria uma covardia”, finaliza.
Protesto
Na última sexta-feira, cerca de 500 feirantes protestaram pela inclusão de abertura das sextas-feiras da Feira Hippie. Em entrevista ao Mais Goiás, Valdivino da Silva disse que as sextas e os sábados são os dias de subsistência da feira.
“Tem cliente que chega de outras cidades na quinta-feira e vão embora no fim da tarde de sexta. Vamos perder essas vendas se não pudermos abrir. Não faz sentido as galerias abertas de domingo a domingo e nós sendo impedidos de trabalhar, mesmo com todos os cuidados”, relatou no dia protesto.
Vale lembrar que o funcionamento da feira foi autorizado por decreto municipal publicado no último dia 13 de julho. Para isso, no entanto, o texto determina uma série de exigências como ocupação de somente 50% da barracas, revezamento dos feirantes, distanciamento de no mínimo 2 metros entre as bancas, uso de máscara e álcool em gel.