Prefeitura suspeita que macacos foram mortos em Senador Canedo (GO) por medo da varíola
Segundo especialistas, os macacos não são o reservatório da doença
Dois macacos apareceram mortos em Senador Canedo com sinais de violência, no último sábado (2). A prefeitura da cidade suspeita que um humano tenha atacado o animal por medo da doença conhecida como ‘varíola dos macacos’. A doença, transmitida por um vírus da família Orthopoxvirus, possui cerca de 80 casos confirmados no Brasil, mas nenhum deles é em Goiás. Conforme especialistas, os macacos não transmitem a doença.
Ao Mais Goiás, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) explicou que o primeiro macaco foi encontrado morto em cima de uma placa, na entrada da cidade. Segundo a equipe, somente pela forma como o animal foi deixado morto, foi possível perceber que não havia sido atacado por outro animal, mas sim por uma pessoa.
Além disso, a equipe veterinária também constatou que o macaco apresentava vários traumas pelo corpo, que indicam que ele morreu com golpes de pau ou pedra.
Já o segundo macaco morto não apresentava tantos sinais de trauma, pois foi localizado em estado avançado de decomposição. Ele estava em um bosque a cerca de 3 km de onde o primeiro foi encontrado.
Os dois macacos foram encaminhados para o Centro de Zoonoses para perícia. Um laudo, que terá resultado em breve, irá constatar do que ambos morreram.
A Amma informou ainda que a Polícia Civil já foi informada e investiga quem é o responsável pelo ataque aos macacos em Senador Canedo. Caso a pessoa seja identificada, poderá responder por crime de maus-tratos.
Macacos não transmitem a varíola dos macacos, reforça especialista
A médica veterinária e chefe de Bem-Estar Animal da Amma, Isabella Lauria, explica que a situação é preocupante pois se trata de um crime ambiental. Fora isso, ela ressaltou que, até onde se sabe, os macacos não transmitem a varíola. Pelo contrário, eles também sofrem com a doença.
“O macaco, até onde a gente sabe, não transmite a doença. Na verdade, ele sofre com a doença assim como nós. O nome varíola dos macacos foi dado, na realidade, porque a doença foi encotrada em um macaco e não porque ele transmite o vírus da doença”, explica Isabella.
De acordo com a especialista, ainda não se sabe qual animal mantém o vírus na natureza, embora os roedores africanos sejam suspeitos de desempenhar um papel na transmissão da varíola às pessoas. Para se contaminar por um animal, um humano precisaria ter um contato muito próximo com o bicho, incluindo mordidas e arranhões, manuseio de caça selvagem ou pelo uso de produtos feitos de animais infectados.
De pessoa pra pessoa, a transmissão pode acontecer através de contato com fluidos corporais como sangue e pus, secreções respiratórias ou feridas de uma pessoa infectada. Pode ainda ocorrer durante o contato íntimo – inclusive durante o sexo – e ao beijar, abraçar ou tocar partes do corpo com feridas causadas pela doença. Ainda não se sabe se a varíola do macaco pode se espalhar através do sêmen ou fluidos vaginais.
O vírus pode ainda ser transmitido da mãe para o feto através da placenta; da mãe para o bebê durante ou após o parto, pelo contato pele a pele; úlceras, lesões ou feridas na boca também podem ser infecciosas, o que significa que o vírus pode se espalhar pela saliva.
Conscientização
Em decorrência do caso, a Amma disse que planeja realizar ações de conscientização sobre a doença na cidade. O objetivo é fazer com que as pessoas parem de atacar os macacos e entendam como a doença, de fato, acontece.
Conforme informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), os sintomas iniciais da varíola dos macacos são: febre, dor de cabeça, dores musculares, dor nas costas, gânglios (linfonodos) inchados, calafrios e exaustão.