Presidente da CDTC considera “absurdo” fim do Eixão em Trindade, Goianira e Senador Canedo
Extensão da linha do Eixo Anhanguera, existente desde 2014, pode deixar de existir em razão de "gastos operacionais", segundo Metrobus. Presidente culpa extensão por gastos adicionais, o que provocou reação da CDTC
Após anúncio da Metrobus de que a linha do Eixo Anhanguera deixará de atender cidades como Senador Canedo, Goianira e Trindade, a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) propõe a realização de estudo técnico-financeiro para evitar a medida. De acordo com a empresa mantenedora do “Eixão”, gastos com pessoal, combustível, peças e pneus provocaram a decisão. Para o presidente da CDTC e prefeito de Trindade, Jânio Darrot (foto), a alteração é uma “tese absurda”.
A mudança, caso seja implementada, afetaria a vida de cerca de 200 mil usuários diários do transporte entre capital e os referidos municípios. Porém, a Metrobus já divulgou que dialoga com outras empresas para que estas possam assumir o serviço.
Jânio, entretanto, questiona o argumento de que os supostos prejuízos declarados pelo presidente da Metrobus, Paulo César Reis, sejam causados pela extensão da linha, que passou de 14km para 70km em 2014. “Não creio que o governador Ronaldo Caiado concorde com a tese absurda do presidente da Metrobus. O fim desse benefício afetará diretamente a vida de milhares de trabalhadores que dependem do sistema”.
Para tentar evitar a medida, a CDTC propõe a realização de um estudo técnico-financeiro pela Metrobus que aponte alternativas que não prejudiquem os usuários. Jânio aproveitou para reiterar a sugestão que fez na última semana, para tributação de veículos individuais em benefício do transporte coletivo.
Argumentos
Em nota, a Metrobus alega que a alteração, comunicada à CDTC no último 30/5, será gradual e terá ampla divulgação para não trazer “nenhum prejuízo” à população. Para que os usuários de Trindade, Senador Canedo e Goianira não fiquem sem condução, a Metrobus afirma ter iniciado um diálogo com demais empresas do transporte coletivo metropolitano para que seus ônibus substituam os veículos articulados. Conforme expõe a empresa, um cronograma para o “retorno às operações originais” será encaminhado à CDTC nos próximos 15 dias.
De acordo com nota da Metrobus, a decisão de não mais operar as extensões surgiu da “necessidade de se equilibrar as contas da Companhia, pois a operação estendida aumentou drasticamente as despesas, especialmente com pessoal, combustível, peças e pneus, vez que a linha passou de 13,8 km para mais de 70km”. “Somente no ano passado foram R$ 23 milhões aporte do Governo do Estado para garantir o custeio da empresa. Essa não é obrigação do acionista majoritário, por isso, a necessidade de retorno à operação somente na linha que lhe foi concedida”, completa o documento.
Segundo a empresa, a mudança “permitirá a colocação de mais ônibus no Eixo, em melhores condições, plataformas e terminais mais confortáveis” no trecho reduzido. Assim, pretendem incluir mais veículos no corredor Novo Mundo-Padre Pelágio de forma que usuários tenham ônibus passando em intervalos de dois minutos nos horários de pico.
CMTC
A Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), que faz a gestão do sistema em Goiânia e em outras 19 cidades da região metropolitana, afirmou, em nota, ter recebido ofício da Metrobus sobre as alterações propostas. “A CMTC entendeu que este assunto não é da sua competência (órgão gestor) e em virtude disso, as concessionárias realizaram uma reunião no último 18/6, na sede da Metrobus, onde ficou definido que, em um prazo de 15 dias, a empresa e concessionárias irão apresentar uma proposta para a demanda que compreende as linhas estendidas”.