ESCONDIDO

Preso no Tocantins, pastor suspeito de abusar da fé para golpes estava em rancho da família

Propriedade fica às margens do Rio Santa Teresa, na zona rural de Sucupi

Preso no Tocantins, pastor suspeito de abusar da fé para golpes é recambiado para o DF (Foto: Reprodução)

Preso na tarde de quinta-feira (21), em Sucupi, o pastor Osório Lopes Júnior, indicado como líder de um grupo que utilizava a fé para praticar estelionato pelo País, foi encontrado em um rancho às margens do Rio Santa Teresa, na zona rural do município de Tocantins. A Polícia Civil apurou que a propriedade pertence à família do suspeito.

Depois de preso, pastor Osório foi levado para a 12ª Central de Atendimento da Polícia Civil, em Gurupi. Em seguida, ele foi encaminhado para a Unidade Penal Regional local, onde permanece à disposição do Poder Judiciário do Distrito Federal.

Vale lembrar, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu dois mandados de prisão no DF e 16 de busca e apreensão na região, mas também em Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo, na quarta-feira (20). O alvo foi um grupo, também composto por religiosos, suspeito de usar a fé das pessoas para cometer estelionato, prometendo quantias surreais em troca de investimentos.

Suposto líder do grupo, o pastor Osório era um dos alvos do mandado de prisão e foi considerado foragido. Ele só foi localizado na quinta. “Após acionamento das equipes da 7ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Gurupi pela Polícia Civil do Distrito Federal informando os fatos e da possibilidade de o investigado estar na cidade de Figueirópolis, local onde reside um de seus irmãos, o caso foi repassado à 8ª Deic de Gurupi, que imediatamente iniciou os levantamentos e conseguiu identificar que a família teria uma propriedade rural nas proximidades da cidade de Sucupira”, informou a autoridade.

Mas ainda sobre o caso, a corporação acredita que os religiosos do DF podem ter feito mais de 50 mil vítimas pelo Brasil. Segundo a polícia, cerca de 200 pessoas fazem parte do grupo, entre elas dezenas de lideranças evangélicas intituladas pastores. Os investigados, conforme as autoridades, induziam as vítimas (fiéis que frequentavam a igreja deles, em sua maioria) a acreditarem que receberiam quantias surreais por meio de “bênção”. Para isso, eles investiam dinheiro com a promessa de recebimentos futuros – a absurda sigla “octilhão” ficou conhecida pelas promessas.

A Operação Falso Profeta começou há aproximadamente um ano. Esta aponta, ainda, que a existiria uma rede criminosa estruturada e hierarquizada com divisão de tarefas, liderada pelo pastor Osório Júnior. Entre os crimes citados, estão falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionatos por meio de redes sociais (fraude eletrônica). As vítimas estariam em quase todas as unidades da federação, sendo um dos maiores golpes já investigados no País, de acordo com a PCDF.

Cerca de 100 policiais civis participaram dessa etapa da investigação. Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, houve bloqueio de valores, bloqueio de redes sociais e determinação da Justiça pela proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais.

A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DOT/Decor) teve o apoio do Departamento de Polícia Especializada e das Polícias Civis dos estados de Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Mais sobre o golpe

Os supostos golpistas, explica a PCDF, enganavam os fiéis pelas redes sociais, abusando da crença deles. Para convencer as vítimas, a maioria evangélica, a investir as economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos sociais, os investigados prometiam retorno imediato de grandes valores.

Entre os casos, a Polícia Civil divulgou a promessa de investimento de R$ 2 mil para receber 350 bilhões de centilhões de euros – sim, este valor absurdo e completamente irreal. Os suspeitos utilizavam pessoas jurídicas “fantasmas” e de fachada simulando serem instituições financeiras digitais (bancos falsos). Eles ainda faziam contratos com as vítimas para dar mais veracidade ao golpe, que prometia quantias inimagináveis por meio de títulos de investimento, que estariam registrados no Banco Central do Brasil (Bacen) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Conforme apurado pelas autoridades, foram identificadas aproximadamente 40 empresas fantasmas e de fachada, mais de 800 contas bancárias suspeitas e movimentação acima de R$ 156 milhões nos últimos cinco anos. Um suspeito de envolvimento no grupo foi preso em dezembro passado, quando utilizou um documento falso em um banco na Asa Sul, mas o grupo continuou os golpes, mesmo ele sendo o principal digital influencer da organização.

O organização criminosa, como mencionado, seria liderada pelo pastor Osório José Lopes Júnior, considerado foragido. Saiba mais AQUI.