Investigação

Presos donos e funcionários de clínica que teriam matado dependente químico com mata-leão em Posse

Crime aconteceu no último 2 de junho

(Foto: divulgação/PC)

Os donos de uma clínica para dependentes químicos e três funcionários foram presos pela Polícia Civil na manhã desta terça-feira (1), suspeitos de envolvimento no homicídio de um dependente químico de 35 anos, morto com um golpe de estrangulamento conhecido como mata-leão, em 2 de junho, na cidade de Posse. A vítima seria alvo de uma internação compulsória no estabelecimento localizado em Abadia de Goiás. Investigações revelaram que a clínica funcionava sem alvará ou profissionais de saúde para acompanhar os tratamentos dos internos.

Quando chegaram à clínica nesta manhã, agentes encontraram os três funcionários, o casal proprietário do local, e 38 pacientes. “Além de não possuírem Alvará, e do local já ter sido interditado anteriormente, o casal que toma conta da clínica não tinha nenhum profissional de saúde lá dentro, o que contraria todo e qualquer tipo de tratamento. Os pacientes contaram que eles eram quem cuidavam uns dos outros, que a comida era péssima e que a todo o instante eram ameaçados”, relatou o delegado Humberto Soares, de Posse.

Clínica cobrava altos valores por supostos tratamentos

Um dos 38 internos que foram trazidos pela Polícia Civil para serem ouvidos na Delegacia Estadual de Investigações de Criminais (Deic), a qual deu suporte aos colegas de Posse, revelou que sua família pagava mais de R$ 5 mil mensalmente para o suposto tratamento. Ele disse ainda que em mais de três meses nunca foi atendido por nenhum médico, enfermeiro ou psicólogo dentro da clínica.

“Eu sei que pela abordagem eles [meus pais] pagaram R$ 2,5 mil e, depois, R$ 3,5 mil pela internação, e mais R$ 1,5 mil por remédios, que, na verdade, eram placebos que eles mesmo produziam lá dentro e obrigavam a gente a tomar”, denunciou o interno, que não será identificado.

Durante o cumprimento dos mandados de prisão temporária, e de busca e apreensão, os policiais apreenderam uma pistola, e munições. Ao final do inquérito, os donos e funcionários poderão ser indiciados por homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, bem como por associação criminosa.

Investigação

A Polícia Civil de Posse, região Norte do estado, começou a investigar a clínica depois de denúncias dos familiares da vítima. O rapaz foi deixado sem vida em um hospital de Simolândia por três homens que se apresentaram como policiais. As apurações revelaram que o trio, na verdade, era de trabalhadores da mencionada clínica de recuperação.

O grupo teria ido à cidade a convite do pai da vítima, que pagou para que internassem o filho. Durante a abordagem, porém, o jovem reagiu e morreu ao ser contido com mata-leão. Na sequência, segundo a Polícia Civil, teve o corpo colocado em um carro, o qual foi deixado, já sem vida, na referida unidade de saúde.