PROCEDIMENTO INCORRETO

Presos fazem uso compartilhado de máscaras na Central de Flagrantes de Goiânia

Uso compartilhado de máscara de proteção por vários presos na Central de Flagrantes em Goiânia.…

Uso compartilhado de máscara de proteção por vários presos na Central de Flagrantes em Goiânia. É o que denuncia um advogado criminalista ao Mais Goiás nesta sexta-feira (29). Segundo o profissional, que não terá o nome revelado para ser preservado, os detentos ficam ainda mais expostos, já que o equipamento pode estar contaminado. Delegada e a Polícia Civil (PC) negam a irregularidade. Infectologista diz que compartilhamento é errado e pode aumentar a possibilidade de contágio, pois as máscaras são devem ser de uso individual e intransferível.

De acordo com o criminalista, as pessoas autuadas em flagrante são levadas para a Central Geral de Flagrantes, no Setor Cidade Jardim, em Goiânia. Ele relata que, ao chegarem no local, os presos que não possuem máscara de proteção recebem o equipamento de TNT. Durante todo o período em que ficam na delegacia, segundo o advogado, os detentos ficam com a máscara. Porém, em casos em que há a liberação do preso, o autuado precisa devolver o equipamento à delegacia.

Conforme explica ele, os servidores pegam a máscara e fazem uma higienização com álcool. Depois de seco, o equipamento, já utilizado anteriormente, é entregue a um novo preso que chega na unidade.

O Mais Goiás obteve acesso exclusivo a prints de conversas com determinações da delegacia para higienização e reutilização da máscara para outros presos. À reportagem, a delegada Caroline Paim disse que a unidade possui máscaras reutilizáveis e informou que todo o procedimento é feito “dentro do padrão”.

Em nota (íntegra no final do texto), a assessoria de comunicação da Polícia Civil disse que a denúncia não procede. Segundo a corporação, a Central de Flagrantes possui mais de 2,5 mil máscaras de proteção, “as quais são distribuídas aos presos assim que conduzidos à delegacia para lavratura de procedimentos”.

De acordo com o texto, os autuados levam consigo as máscaras quando encaminhados para audiência judicial de custódia. “O equipamento de proteção, embora de tecido reutilizável, não é devolvido nem reutilizado por outros presos”, afirma a corporação.

(Foto: reprodução)
(Foto: reprodução)

Risco de contágio

A infectologista Juliana Caetano Barreto afirmou que o compartilhamento de máscara de proteção contra a covid-19 não é correto e pode gerar riscos.

“A máscara, seja reutilizável ou não, é de uso pessoal. Ela não deve ser compartilhada. A orientação do Ministério da Saúde é que o equipamento seja utilizado por uma única pessoa por até 2h. Depois disso, é preciso lavá-la. É importante que fique em uma imersão de água sanitária (10 ml) e água potável (500 ml) durante 30 minutos”, disse.

Segundo a infectologista, o uso compartilhamento pode apresentar riscos, já que aumenta a possibilidade de contágio da covid-19. “É um equipamento tão pessoal como a escova de dente. Você não compartilha escova de dente. Lembrando que é importante seguir as orientações de higienização e tempo de uso. Caso haja qualquer danificação do tecido, a máscara deve ser descartada para minimizar os riscos de contágio”, afirmou.

 

Nota da Polícia Civil na íntegra:

A Polícia Civil de Goiás informa que a denúncia não procede. Atualmente, a Central Geral de Flagrantes (CGF) possui mais de 2.500 máscaras de proteção, as quais são distribuídas aos presos assim que conduzidos à delegacia para lavratura de procedimentos. Porém, os autuados levam consigo as máscaras quando encaminhados para audiência judicial de custódia. O equipamento de proteção, embora de tecido reutilizável, não é devolvido nem reutilizado por outros presos.

 

Atualizada às 15h34 para inserção de nota da PC.