Primeiro transplante de fígado de Goiás é realizado no HGG
Procedimento, que durou cerca de oito horas, ocorreu na última quinta-feira (19). Paciente segue internado na unidade mas em ótimo estado de saúde, de acordo com equipe médica
O primeiro transplante de fígado do Estado de Goiás foi realizado na última quinta-feira (19) no Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG). O procedimento durou cerca de 8 horas. Em coletiva realizada na tarde desta quinta-feira (26), a unidade informou que o paciente segue internado na unidade, em ótimo estado de saúde e se recuperando “muito rápido”.
De acordo com o chefe do Serviço Estadual de Transplantes Hepáticos da unidade, o médico Claudemiro Quireze Júnior, a equipe responsável pelo procedimento começou a ser estruturada há mais de um ano e é composta por quatro cirurgiões, uma hepatologista e também por anestesistas.
“Neste período, o hospital trabalhou para atender às exigências legais do serviço de transplante, além de fazer a aquisição de materiais. Um transplante dessa complexidade é transformador para o hospital, ele aumenta o profissionalismo com que o hospital trabalha e nossa expectativa é de que isso seja útil para a população goiana”, explicou o médico.
O secretário estadual de saúde, Leonardo Vilela, afirmou que a expectativa é de que, a partir de agora, seja feito um transplante de fígado por mês, em Goiás. Segundo ele, a equipe está se preparando para que ainda este ano seja realizado o primeiro transplante de coração no HGG.
“O transplante de coração não será o primeiro em Goiás, mas o primeiro dessa instituição estadual que é referência em transplante de órgãos”, disse. Entretanto, Leonardo lembrou que para que esses procedimentos sejam realizados é essencial que hajam doadores de órgãos.
Paciente
O primeiro paciente a passar por esse procedimento no Estado de Goiás foi o advogado Marcelo Mazão, de 54 anos. Ele continua internado na unidade para tratamento com imunossupressores, mas encontra-se em recuperação e em bom estado de saúde. A necessidade de transplante foi determinada pelo diagnóstico de câncer no fígado e cirrose hepática, doença que causa dano irreversível às células do órgão.
Marcelo, natural de Anápolis, explicou que percebeu que algo estava errado a partir de um sintoma muito comum de quem tem problemas no fígado: os olhos amarelados. “Eu fiz vários exames e tudo indicou câncer e cirrose hepática e só um transplante poderia resolver tudo. Foi um ano de espera até o procedimento. Quando surgiu o primeiro fígado compatível eu estava muito gripado e não pude realizar o procedimento e acabei perdendo essa oportunidade’, contou.
Porém, no último dia 18, o Dr. Claudemiro entrou em contato com Marcelo dizendo que havia um novo fígado disponível. “Ele ligou perguntando se eu estava bem de saúde e pediu para eu vir para cá. Cheguei no dia seguinte e já realizei o transplante, que foi um sucesso. Estou me sentindo uma nova pessoa”, disse o paciente que deve receber alta nesta sexta-feira (26).
Candidatos
Os candidatos ao transplante são pessoas diagnosticadas com cirrose hepática. O paciente é colocado em uma lista única de espera estadual para transplante, de acordo com a compatibilidade sanguínea. Segundo Claudemiro, existem dois critérios na espera para o procedimento: a ordem de cadastro na lista e a gravidade da doença, ou seja, os pacientes em estado mais grave são priorizados.
O secretário reforça que o Ambulatório de Transplante Hepático, no próprio HGG, passará a funcionar às sextas-feiras para atender pessoas com insuficiência hepática com indicação para realização do transplante. “[Eles] passarão a ser acompanhados e entrarão na fila da Central Estadual de Regulação, que vai determinar, baseado nos critérios de gravidade, qual paciente será transplantado”, concluiu o secretário.
*Juliana França é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo