Prisão de João de Deus completa dois anos nesta quarta (16)
Relembre tudo que aconteceu até o começo deste ano: condenações, prisão domiciliar e problemas de saúde
João de Deus, o João Teixeira de Faria, foi preso em 16 de dezembro de 2018 após se tornar protagonista de denúncias de abusos sexuais em entrevista veiculada em rede nacional no início daquele mês. Nesta quarta-feira (16), a prisão dele, que se entregou às autoridades após ingressar a lista da Interpol como foragido, completa dois anos. Relembre a história de decadência do médium que já foi considerado um dos maiores líderes religiosos do Brasil e que foi alvo da 13ª denúncia por crimes sexuais nesta terça-feira (15).
Até o começo de 2020, ele teve habeas corpus negados, uma fazenda invadida por integrantes do Movimento Sem Terra (MST) e Movimento Camponês Popular (MCP), abandono de advogados do caso e até mesmo três condenações, duas por crimes sexuais. Ele recebeu penas de quatro anos em regime aberto por porte ilegal de armas de fogo; 19 anos de reclusão por crimes sexuais; e mais 40 anos por estupro de cinco pessoas vulneráveis.
Novas denúncias
No primeiro mês do ano, no dia 13, ele teve a 12ª denúncia por crimes sexuais apresentada à imprensa. Além dele, outros dois guias que realizavam os transportes de fiéis para Abadiânia – e circulavam livremente pela Casa Dom Inácio de Loyola – também foram incluídos
Primeira condenação do ano
No dia 20 de janeiro, João Teixeira de Farias foi condenado a 40 anos em regime fechado por estupro de vulnerável pela juíza Rosângela Rodrigues, em crime envolvendo cinco vítimas.
Canil abandonado
Um abrigo de animais – com cerca de 50 cães e 30 gatos – mantido por doações de João de Deus foi encontrado em estado crítico por uma ONG em 26 de janeiro. Os bichos estavam doentes e machucados, e foram resgatados. O local praticamente abandonado após a prisão do líder religioso.
Ex-assessora inocentada
A ex-assessora de imprensa de João de Deus, Edna Gomes, foi inocentada da acusação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) de falsidade ideológica em 4 de fevereiro.
Saúde
Na noite do dia 11 de março, João deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Flamboyant, em Aparecida de Goiânia, depois de se queixar de dores no peito. Ele teve alta em seguida.
Prisão domiciliar
Em 30 de março, a justiça autorizou o líder religioso a cumprir prisão domiciliar. No dia 31, ele deixou o Núcleo de Custódia com tornozeleira eletrônica. Entre as medidas, ele não poderia frequentar a Casa Dom Inácio de Loyola ou manter contato com qualquer testemunha do caso.
Série de TV
O caso de João Deus virou tema de série documental do Globoplay, em 20 de junho. “Em nome de Deus”, foi o título escolhido.
Mais três depoimentos
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) registrou, do fim de junho até 11 de julho, o depoimento de mais três mulheres, que poderia resultar em novas denúncias.
Passou mal
Em 23 de outubro, João de Deus se sentiu “indisposto e ofegante” e foi levado às pressas para o Ânima Centro Hospitalar, em Anápolis.
Agravamento do quadro
No mesmo dia, o quadro se agravou e ele precisou ser encaminhado Hospital Sírio Libanês, em Brasília. Boletim da unidade hospitalar disse que ele era um paciente “cardiológico e oncológico”.
Na UTI, mas fora de risco
No dia 26 de outubro, o hospital de Brasília informou que estava em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas sem risco de morrer.
Alta
Na manhã de 29 de outubro, João de Deus recebeu alta da UTIfoi transferido para um quarto de enfermaria para a continuidade do tratamento em decorrência de dor torácica.
Buscava ajuda e foi morta
A japonesa Hitomi Akamatsu (43) morreu em 10 de novembro em Abadiânia após ser golpeada na cabeça por Rafael Lima da Costa. Ela estava no local buscando tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, fundada por João de Deus, e permaneceu lá mesmo após a prisão do médium. Ela estava em Goiás desde 2018.
Relembre tudo que aconteceu até 2020: dois anos do “caso João de Deus”
Em 8 de dezembro de 2018, dez mulheres denunciaram o médium por abusos sexuais. Os relatos vieram à tona no programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, em 7 de dezembro de 2018. No dia seguinte, além dos relatos pioneiros, outras duas vítimas conversaram com a reportagem do jornal O Globo. Nos depoimentos, é possível notar que, repetidamente, a suposta forma de agir do acusado era a mesma: tudo teria acontecido durante atendimentos individuais na Casa Dom Inácio de Loyola.
Força-tarefa
Em 10 de dezembro de 2018, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) criou uma força-tarefa para investigar as denúncias de abusos sexuais contra o médium. No dia 12, João De Deus fez uma rápida aparição na Casa Dom Inácio de Loyola. Sob muito tumulto entre fiéis e imprensa, ele ficou cerca de oito minutos no local.
Oprah
Ainda no dia 12, a famosa entrevistadora e atriz dos Estados Unidos Oprah Winfrey retirou do ar uma entrevista com o líder religioso.
Mais celebridades
No dia 13 de dezembrod de 2018, diversas celebridades se pronunciaram, dentre elas Xuxa Meneghel, que publicou um vídeo para dizer que “infelizmente, me enganei. Me enganei feio”.
Mais de 300 contatos
Em quatro dias de trabalho da força-tarefa do MP-GO, o órgão recebeu mais de 335 mensagens e contatos de supostas vítimas do médium.
Prisão decretada
No dia 14, a justiça acatou pedido do MP e decretou a prisão preventiva de João Teixeira de Faria.
“Rapou” a conta
Em 15 de dezembro, João de Deus retirou R$ 35 milhões de contas bancárias, segundo investigadores. A defesa disse que ele não ia fugir, uma dia depois.
Prisão
No dia 16 de dezembro daquele mês, o médium se entregou à polícia. Em três horas de depoimento, ele negou abusos e passou por exame antes de ir para presídio.
Armas e dinheiro
A Polícia Civil encontrou cinco armas na Casa de João de deus, além de R$ 405 mil em espécie.
Outro inquérito
Em 19 de novembro, João de Deus também foi alvo de um novo inquérito, desta vez, pela Delegacia de Investigações Criminais (Deic): suspeita de vendas de pedras preciosas falsas.
Impotência sexual
Durante depoimento na sede do Ministério Público de Goiás (MP-GO), em 26 de dezembro de 2018, João de Deus respondeu todas as perguntas, negou os abusos e disse sofrer de impotência sexual.
Infecção urinária
João de Deus teve sua primeira ida – de uma série – ao hospital no dia 2 de janeiro de 2019. Ele foi encaminhado às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Parque Flamboyant após apresentar infecção urinária.
Tráfico internacional de crianças
No dia 8 de janeiro de 2019 o MP-GO recebeu uma nova denúncia contra o médium: a de tráfico internacional de crianças. Esta foi feita por duas ativistas de Direitos Humanos: Sabrina Bittencourt e Maria do Carmo.
Suicídio
A ativista que ajudou a denunciar João Deus, Sabrina Bittencourt, cometeu suicídio, em 3 de fevereiro de 2019.
Réu em novo crime
João de Deus se tornou réu por posse ilegal de arma de fogo em 18 de fevereiro de 2019.
Filho solto
Sandro Teixeira, filho de João de Deus, ganhou liberdade após a Justiça conceder um habeas corpus a ele. A decisão saiu após cinco dias de julgamento e com uma medida cautelar que o impede de se aproximar de testemunhas do caso. Ele foi preso em 2 de fevereiro suspeito tentativa de coação de testemunhas de um suposto assédio sexual.
MST e MCP
800 mulheres do MST e MCP ocuparam a fazenda Dom Inácio, propriedade do líder religioso, em 13 de março.
Aneurisma
Em 22 de março, João Teixeira foi diagnosticado com um aneurisma no abdômen e internado.
Prorrogação
Internado desde 22 de março, Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a prorrogação em 30 dias, em 2 de maio.
Audiência
João participou de uma audiência em Abadiânia que durou cerca de 2h, no dia 2 de julho.
Queda no faturamento
Segundo levantamento do Sistema S divulgado em 3 de julho, faturamento do comércio em Abadiânia caiu 38% após as denúncias contra o médium.
Braço direito
O braço direito de João de Deus nos atendimentos, Chico Lobo, morreu em 4 de julho de 2019 após tratar uma pneumonia em um hospital de Anápolis.
Outra audiência
Em audiência no dia 12 de julho, João de Deus reconheceu armas, mas negou abusos, mais uma vez.
Nona denúncia
Ministério Público oferece a nona denúncia por crimes sexuais contra João de Deus, em 24 de julho do ano passado.
Falsas informações
Defesa de João de Deus resolveu processar o Banco Itaú, em 13 de agosto de 2019, por passar supostas informações falsas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Dor aguda no peito
Após dor aguda no peito, João de Deus foi encaminhado para a emergência do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia, em 27 de setembro de 2019.
Exames
João de Deus foi submetido a um ecocardiograma e um cintilografia do miocárdio em uma clínica médica do Setor Marista, Goiânia, em 4 de outubro de 2019. Ele chegou ao local em uma ambulância com o rosto coberto. Ele retornou ao núcleo de cusótia de Aparecida, em seguida.
Falta de testemunhas
João de Deus foi à nova audiência em 10 de outubro do ano passado, mas não chegou a ser ouvido por causa da ausência de testemunhas.
Continuo preso
No dia 21 de outubro de 2019, por considerar que João de Deus não tinha depressão e que as doenças crônicas estavam estabilizadas e sem sinais de gravidade, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) determinou que o médium continuasse preso.
Primeira condenação
Em 7 de novembro de 2019, o líder religioso teve a primeira condenação: quatro anos em regime aberto por posse ilegal de arma de fogo uso permitido e de uso restrito.
11ª denúncia
Em 2 de dezembro de 2019, o MP ofereceu a 11ª denúncia contra o médium.
Voltou a negar abusos
Em mais um depoimento, no dia 9 de dezembro do ano passado em Aparecida de Goiânia, João de Deus, novamente, negou ter praticado crimes sexuais.