CONSUMO

Procura por peixe pode aumentar 30% durante a Quaresma, diz comerciante

Gerente de peixaria afirma alimento ganhou espaço na dieta de goianienses e, por isso, aumento médio de 10% no kilo do pescado decorre da alta de combustíveis

Quaresma é mais período exclusivo de compra de peixe, avalia comerciante (Foto: Jucimar de Sousa)

Após o Carnaval, as religiões cristãs entram na Quaresma, período que consiste na vitória e ressureição de Cristo após todo o sofrimento que causou a sua morte. Durante 40 dias, muitos fiéis, então, realizam algumas modificação na dieta, com substituição da carne vermelha por peixes. Neste ano, esse comportamento pode ocasionar aumento de 30% na procura por pescados.

Historicamente, durante esses dias, consumidores se deparam com aumento de preços. No entanto, em Goiânia, peixeiro revela que esta não deve ser uma preocupação em 2021. Segundo ele, o peixe ganhou espaço fixo na cozinha e no paladar do goianiense, de modo que a procura por pescados não deve influenciar em disparada de valores nos açougues e peixarias.

Túlio Medeiros, gerente de uma peixaria tradicional do Centro de Goiânia, revela que a procura atualmente ocorre em razão da busca pela qualidade de vida. “Muitas pessoas já inseriram o peixe na sua rotina por saber que faz muito bem para a saúde. A gente acredita que possa ter uma aumento de vendas em 30%, mas essas pessoas são mais aquelas que comem os pescados apenas nesse período”, explica.

Túlio aponta que os pescados sofreram aumento de cerca de 10% neste ano em relação ao ano passado. Segundo ele, o peixe mais barato era o Piramutaba, que era vendido por R$ 17,90 o kg e agora é encontrado por R$ 19,90 o kg. Ele também avalia os peixes mais procurados, como o Tambaqui, que está saindo por R$ 17,50, e o Pintado, que é encontrado por R$ 32,90. “O aumento desses valores é explicado pelo aumento de energia e dos combustíveis para o transporte”, destaca.

Filé de Salmão, de Tilápia e o famoso Bacalhau também são muito procurados neste período, mas Túlio reforça que o aumento nos preços desses produtos não ultrapassa a porcentagem de 10%. “A gente nota que o consumidor até questiona o valor do início, mas sempre acaba levando o produto. Até crianças, que são as mais complicadas para comer pescados, estão pedindo aos pais e responsáveis para levar os produtos”, pontua.

O Procon ainda não fez a pesquisa de verificação de preço de pescados nesse momento, mas o estudo deve ser realizado nos próximos dias.

Peixe para de ser procurado apenas na Quaresma (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Aumento da carne

A alta de preço da carne também pode interferir na procura de peixes antes do período da Quaresma. O Procon realizou uma pesquisa no mês passado em que destacou aumento de mais de 27% na capitalO maior vilão foi o coxão duro. No ano passado, o menor preço encontrado foi de R$ 15,99 o kg. Em 2021, o valor encontrado foi de R$ 28,98, um aumento de 81,24%. Outros cortes que tiveram aumentos significativos foram o patinho (76,46%), o pernil suíno sem osso (62,41%), a asa de frango (61,52%) e o lagarto (38,66%).

A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 27 de janeiro em 12 estabelecimentos de Goiânia. Para chegar aos resultados, o Procon comparou os menores valores encontrados com o que foi apurado em 2020.

Apesar do aumento, alguns cortes entraram em 2021 mais baratos. Foi o caso da picanha, cujo menor preço saiu de R$ 39,90 para R$ 35,89, uma queda 10,05%. O filé de frango e a costela bovina também abaixaram o preço, com quedas de 4,77% e 1,54%, respectivamente. A costelinha suína foi o único item que não apresentou variação entre 2020 e 2021.