CRIATIVIDADE

Professora de Goiás usa crochê para ensinar matemática no pós-pandemia

A iniciativa, que começou como uma oficina para alunos a partir de 12 anos, teve tanto sucesso que, desde 2023, passou a integrar a grade de atividades eletivas da escola

A nova ferramenta pedagógica que conquista alunos em Goiânia (Foto: Divulgação)

Uma professora de Goiás usa crochê – e a criatividade – para ensinar matemática no período pós-pandemia. Segundo ela, por meio da técnica, alunos superam dificuldades de aprendizado e desenvolvem mecanismos para controlar a ansiedade. Ciente dos benefícios do trabalho artesanal desde os 11 anos, Maria Fonseca, formada em Matemática e Engenharia Civil, criou formas de aliar as duas disciplinas em uma matéria eletiva disponível na escola onde trabalha há cinco anos.

A iniciativa, que começou como uma oficina para alunos a partir de 12 anos, teve tanto sucesso que, desde 2023, passou a integrar a grade de atividades da escola. Atualmente, a turma é composta majoritariamente por meninas, mas a professora relata que meninos também demonstraram interesse.


“No retorno das atividades após a pandemia, notei que os alunos estavam resistentes, ansiosos e com dificuldades de convívio e aprendizagem. Como sempre fiz crochê, propus a ideia de oficina para a escola e o resultado foi muito positivo. Tanto que acabou virando matéria eletiva no contraturno”, reforça a professora.

Para Maria Fonseca, o artesanato e a matemática são áreas afins, visto que o crochê permite contextualizar conceitos. “É possível trabalhar conteúdos como grandezas, figuras geométricas, simetria e ângulos, regra de três e, até mesmo, a matemática financeira. Para além disso, alunos desenvolvem concentração, paciência, raciocínio lógico e podem aproveitar momentos de convívio longe das telas”, explica.

Crochê para ensinar matemática: mistura ganha adeptos

Além de proporcionar um momento de relaxamento e aprendizado de uma nova habilidade, o crochê se mostrou uma ferramenta eficaz para o desenvolvimento de conceitos matemáticos como simetria, formas e medidas. Alunas como Luiza Carrer, de 14 anos, e Letícia Takayama, 14, relatam como a prática do crochê as auxiliou a superar a impaciência e até mesmo a melhorar seu desempenho em matemática, especialmente na multiplicação.

Luiza, inclusive, relembra como foi o primeiro contato com a atividade: “”desastrosa”. Entretanto, com a insistência os resultados vieram com o benefício principal: o relaxamento. “Eu sou meio impaciente e achei que aprender o crochê poderia me ajudar a relaxar. A primeira aula foi um desastre, eu tive muita dificuldade e mal conseguia pegar na agulha. Comecei as aulas no ano passado e fui me aprimorando. Hoje eu assisto séries fazendo crochê. Também faço nos meus intervalos de estudo”, explica.

Takayama também logo buscou iniciar a atividade. Sua principal referência no crochê era sua avó e ela logo conseguiu resultados positivos. “A gente percebe muito a relação com a matemática porque fazemos muitas contas ao longo da construção de uma peça. Se a conta é feita errada, precisamos desmanchar tudo. É difícil e usamos muitas fórmulas. Eu sempre tive muita dificuldade em matemática, para pensar e raciocinar. Sempre tive uma briga com a disciplina e acho que com o crochê melhorei muito, principalmente na multiplicação”, acrescenta.

Segundo a professora, a mistura entre crochê e matemática já rende resultados satisfatórios. “As alunas que participam encaram a ideia de forma muito madura e amigável, fortalecendo os laços afetivos e apresentando responsabilidade em solucionar problemas. Ainda, passaram a ter uma visão, uma aceitação diferente pela matemática, o que resulta em melhor desempenho tanto em álgebra quanto em geometria”.

Turma do crochê: artesanato produzido nas aulas é vendido em feira de colégio

Em 2023, o Colégio Degraus, realizou uma feira para que os alunos pudessem vender seus produtos, e a turma de crochê fez sucesso com bolsas, roupas, acessórios e outros itens. Ana Luiza Fortino, de 13 anos, inclusive, criou uma lojinha no Instagram para comercializar suas criações.

“Eu gosto de fazer roupas, bolsas e tenho muita vontade de fazer sapatinhos de bebê. Criei até uma lojinha no Instagram e ainda estou organizando a venda, a entrega. Eu também tenho algumas peças: roupas, faixas de cabelo e até mesmo um suporte pro carregador do meu celular”, destacou.