Professores da rede municipal protestam sobre diretrizes, em Aparecida de Goiânia
Segundo os manifestantes, a luta não seria por pagamento a servidores, mas pelo futuro da educação municipal. Semec não quis se pronunciar
Professores da rede municipal de ensino realizaram protesto, na manhã desta sexta-feira (25), sobre as diretrizes adotadas pela Secretaria Municipal de Educação (Semec) , em Aparecida de Goiânia. Segundo a pedagoga, Renata*, o chamado “Pacote de Maldades” traz mudanças para as escolas municipais e para os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). A servidora afirma que as mudanças não respeitam o Plano Nacional de Educação (PNE) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), legislações federais sobre o assunto no Brasil.
Ainda conforme Renata, aproximadamente 100 servidores da rede municipal de educação participam do movimento. O protesto começou às 11h, em frente a Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia. “Escolhemos ir para a porta da prefeitura justamente na hora do almoço porque se pararmos as atividades para manifestar, nós ainda corremos o risco de perder nossa gratificação de regência. Caso as medidas sejam efetivadas, centenas de alunos entre seis meses e 14 anos serão prejudicados pela falta de estrutura pedagógica”, declara.
De acordo com a professora, as novas diretrizes começaram a ser criadas no fim do ano passado após a secretaria de educação, Valéria Pettersen, ter sido nomeada. Dentre as mudanças, a que mais chama a atenção é a extinção da função de assistente educacional das unidades escolares que possuam menos de 14 turmas. Renata explica que esse profissional é responsável por auxiliar tanto os docentes, em sala de aula, quanto a coordenação.
“Temos poucas escolas com mais de 14 turmas. É inaceitável a secretária cortar esses profissionais! São eles que recebem os pais e alunos na entrada da unidade, que ficam com as crianças até que os pais cheguem para buscá-las, dentre outras coisas”, explica.
Mudanças
Segundo a pedagoga, além do corte de pessoal, a secretaria também excluiu o planejamento semanal de aulas. O momento era utilizado pelos servidores para a confecção de diários, testes e provas. Renata aponta, também, mudanças no pagamento da gratificação regente que não seria paga, caso o servidor entregasse atestado médico.
Os representantes da categoria entraram em contato com a secretária de educação que firmou acordo com os professores. Mas Valéria teria recuado do acordo e insistido em manter as diretrizes.
“Essas medidas não contribuem com os alunos e nem mesmo com os professores. Tudo isso precariza o atendimento à educação dos cidadãos aparecidenses. O pior de tudo é que enquanto nos mobilizamos em favor da educação, passamos por ameaças e pressão”, declara.
Expectativa
Conforme o servidor Augusto*, neste primeiro momento os professores se mobilizaram em protesto em frente a prefeitura e formam o Grupo Comando de Luta. Caso o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, não atenda às exigências da classe, os manifestantes protestarão em frente ao Ministério Público (MP) e da Semec.
“Esperamos que o prefeito, que usou a pauta da educação para ser eleito, cumpra a Legislação Federal quanto às alterações previstas pela secretária. Esperamos uma atitude do prefeito e não mais da Semec”, conta.
Para Renata, a atual luta dos servidores não é pelos salários, mas sim pela qualidade da educação. A professora explica que as medidas afetarão muito mais os alunos do que os servidores.
O Mais Goiás tentou contatar o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), mas até a publicação da matéria, nossas chamadas não foram atendidas.
Semec
A Secretaria Municipal de Educação (Semec) de Aparecida de Goiânia disse ao Mais Goiás que os servidores não procuraram a pasta para tratar das novas diretrizes. A Semec alegou não saber do que se trata a manifestação dos professores e por enquanto escolhe não se posicionar sobre o assunto.
Histórico
Não é a primeira vez que os servidores da rede municipal de educação se manifestam sobre mudanças apresentadas pela Semec. Durante a inauguração do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia, em dezembro do ano passado, que contou contou com a presença de diversas autoridades, inclusive com o ex presidente da República, Michel Temer (MDB), um grupo de servidores municipais da educação protestaram diante de possíveis mudanças no quadro de professores em Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e escolas.
Na época, uma professora alegou que a mudança havia sido anunciada durante uma reunião da secretária de educação do município, Valéria Pettersen, com os gestores das escolas. Foi afirmado que professores seriam retirados dos Cmeis e que as crianças, de 1 a 5 anos, que estudam no período vespertino, ficariam na responsabilidades de cuidadores, a partir de 2019.