PROVA NO DOMINGO

Professores de ensino superior divergem sobre adiamento do Enem

A segunda fase do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acontece neste domingo (24) e…

A segunda fase do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acontece neste domingo (24) e não haverá adiamento, conforme decidiu a justiça federal de São Paulo. A abstenção foi de 51,5%, ou seja: 2,84 milhões de estudantes não fizeram a prova. Para o professor Luiz Signates, da Universidade Federal de Goiás (UFG), o governo é irresponsável e negacionista em não adiar o teste.

“Sem dúvida que o Enem deveria ter sido adiado. Somente um governo irresponsável e negacionista é capaz de submeter a população jovem do País a um nível de risco desses [pandemia do novo coronavírus]”, avalia Signates. “A forma desorganizada e mal planejada de sua aplicação confirmou isso e a consequência, no alto nível de abstenções, apenas consolida essa percepção.”

O docente espera que não haja alunos doentes por causa do Enem e que o impacto seja apenas na classificação de alunos para o ensino superior. “Essa abstenção deverá aumentar a quantidade de pessoas – provavelmente situadas no estrato de menor renda – que ficará de fora das possibilidades de entrar nas universidades públicas, sendo obrigadas a adiar a busca por esse acesso”.

Para ele, o ensino superior privado também deve ser impactado, mas de forma menos contundente. Segundo ele, não raramente as instituições particulares possuem modalidades alternativas, menos burocratizadas e menos exigentes de acesso.

“Razão pela qual eu penso que o prejuízo nesse sentido deve ser maior no ensino público – justamente aquele do qual dependem as camadas mais baixas da sociedade brasileira, para cursarem o ensino superior.”

A favor da prova

A professora de Família e Sucessões do curso de Direito da faculdade Cambury, Lana Castelões, não crê que adiar seja necessário. “O Enem é necessário para os alunos de baixa renda poderem estudar em uma escola particular.”

De acordo com ela, as faculdades particulares já sofrem impactos no número de alunos desde o ano passado por causa da pandemia. “Muitos trancaram por queda de renda ou por dificuldades no regime remoto. Sobre o Enem, o que defendo, é que ele deveria ter sido melhor organizado em questão de estrutura para dar mais segurança aos alunos e evitar riscos de contágio”, reitera.

Questionada se essa abstenção pode aumentar a desigualdade no ensino superior, ela acredita que esse será um efeito passageiro. “Com a vacina, esse ano perdido será recuperado.” Mesmo assim, ela não crê em um grande impacto em relação ao atual quadro.

Lana Castelões (Foto: Arquivo Pessoal)

Neste domingo, os participantes do Enem 2020 responderão uma prova com 45 questões de Matemática e 45 questões de Ciências da Natureza. Os portões abrem às 11h.

Segundo o último boletim da secretaria de Saúde de Goiás, o Estado tem 333.638 casos confirmados da Covid-19, desde o início da pandemia, e 7.185 óbitos. Os dados desta quinta-feira (21) ainda não foram divulgados.