PROVA NO DOMINGO

Professores ensinam como escrever redação nota mil no Enem; veja

A primeira aplicação da prova presencial deve acontecer neste domingo, dia 17 de janeiro

Mesmo com incertezas na área da educação sobre a volta ou não das aulas presenciais por conta da pandemia de covid-19, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vai acontecer e está cada vez mais próximo. Pensando nisso, professores reuniram dicas para ajudar os estudantes a escreverem uma boa redação e alcançarem a nota máxima na prova.

A prova de redação faz parte do primeiro dia do Enem. Neste ano, 5,78 milhões de estudantes confirmaram a inscrição para as provas, que contará com duas versões, uma presencial e outra virtual. A presencial está prevista para os dias 17 e 24 de janeiro, já a virtual deve acontecer nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

Na opinião do professor Rafael Castro, que realiza correções de redações, um dos fatores que pode atrapalhar os estudantes na hora de escrever é a ansiedade. “Além de todos os medos e ansiedades já existentes, há, neste Enem, um risco para com a vida de muitas pessoas, infelizmente. Fazer uma prova da magnitude que é o Enem pode deixar muitos estudantes receosos”, afirma o professor.

O professor e corretor de provas, Rafael Castro, em seu projeto ‘Futuro Escritor’ nas Redes Sociais (Foto: Arquivo pessoal / Reprodução Instagram)

O tempo é outro fator que costuma atrapalhar a vida de quem faz a prova. Segundo Rafael, a redação pode acabar tomando tempo demais e afetando na resolução das outras questões. Nesses casos, dica do professor é dar atenção ao parágrafo de conclusão.

“Se não estiver sobrando tempo, faz da maneira mais básica possível, mas faça o parágrafo de conclusão. É na ausência dele que muitos perdem fácil, fácil mais de 360 pontos”, explica Rafael.

Entre os professores entrevistados, há um consenso de que a atenção ao tema é fundamental. A fuga ao tema é um dos critérios exigidos e que pode zerar a redação. “Sempre digo aos meus alunos: “Durante a revisão da redação de vocês, sempre fiquem atentos ao tema. Não fujam, não tangenciem. Jamais deixem de fazer as 3 partes do texto – introdução, desenvolvimento e conclusão”, completa o professor Rafael.

O que ajuda?

As provas do Enem estão marcadas para 17 e 24 de janeiro do ano que vem na versão impressa e 31 de janeiro e 7 de fevereiro na versão digital (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)
As provas do Enem estão marcadas para 17 e 24 de janeiro do ano que vem na versão impressa e 31 de janeiro e 7 de fevereiro na versão digital (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Para a professora de redação e literatura, Natália Oliveira, a leitura é fundamental. “Uma super dica é que o Inep divulgou uma cartilha do participante, que mostra o passo a passo de como sua redação será avaliada pelos corretores, detalha todas as competências e mostra exemplos de redação nota 1000. Mas, é ler de tudo! Ler notícias, literatura, artigos”, afirma Natália.

Rafael reforça que nesta última semana é importante que os alunos leiam textos “Nota Mil”. “Leiam e estudem estratégias, mas sem excesso. Ler por prazer, livros como Harry Potter, ajudam a ampliar seus repertórios por abordarem assuntos como a segurança nas escolas, bullying, mito da pureza racial, ascensão do fascismo, liberdade de imprensa e diversos outros temas que podem ser tratados num tema de redação.”, diz o professor.

Outro aliado na hora de escrever é a organização, segundo Natália. “É muito importante estruturar a redação antes de escreve-la, principalmente para acertar na coesão e conseguir visualizar o que é necessário para escrever sua redação e façam a letra mais legível possível!”, orienta a professora.

O que anula uma redação?

Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela aplicação, os motivos que podem zerar uma redação são:

  • Fugir totalmente do tema: quando o candidato faz um texto fora do recorte pedido na prova.
  • Escrever outro tipo de texto que não seja o dissertativo-argumentativo;
  • Escrever menos de sete linhas, qualquer que seja o conteúdo;
  • Desenhos ou qualquer forma proposital de saída do tema da prova;
  • Escrever o texto total ou predominantemente em idioma estrangeiro;
  • Entregar a folha de redação em branco. A folha de rascunho não conta na avaliação;
  • Texto ilegível, caracterizado quando dois avaliadores independentes não conseguem ler a redação.

Existe fórmula?

(Foto: Agência Brasil)

Para os professores, usar um padrão pode ajudar, mas o melhor é não se apegar a estas fórmulas. “É sempre surpreendente para o corretor quando o aluno consegue utilizar algo diferente ao seu favor”, explica a professora Natália.

Já Rafael, acha o tema polêmico e explica que o que realmente o estudante realmente precisa é consciência textual. “Não adianta uma fórmula se o aluno não consegue adequar o tema. Querendo ou não a grade de correção permite uma estrutura, mas se o aluno não tiver consciência textual ele pode se atrapalhar muito”, defende o professor.

Apostas de qual será o tema

Todos os anos estudantes e professores discutem qual deve ser o tema abordado na redação. De modo geral, as redações abordam assuntos de repercussão atual no Brasil e no mundo.

Em 2019, o tema “Democratização do acesso ao cinema no Brasil” foi uma surpresa para alguns educadores. Neste ano, temas como a pandemia de covid-19, saúde mental, desastres ambientes e polarização política, são as principais apostas entre os educadores.

Outros temas, como a política e economia chinesa e o negacionismo à ciência também são mencionados. A professora Natália aposta em um tema relacionado ao analfabetismo no Brasil.

Relembre os temas dos anos anteriores:

  • 2019 – “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.
  • 2018 – Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet
  • 2017 – Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil
  • 2016 (2ª aplicação) – Caminhos para combater o racismo no Brasil
  • 2016 (1ª aplicação) – Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil
  • 2015 – A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira