Professores protestam na Secretaria de Educação, em Goiânia⠀
Servidores cobram pagamento de ativos e inativos, piso salarial, transparência da gestão e revisão da modulação de cargos
“Não tem arrego”. Estas foram as palavras proferidas por diretores, secretários e professores da rede estadual de educação durante protesto realizado na manhã desta sexta-feira, na sede da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce). Trabalhadores entregaram à secretária Fátima Gavioli uma carta manifesto em que cobram pagamento imediato dos profissionais ativos e inativos referente ao mês de dezembro, além do piso salarial e transparência da gestão.
Segundo manifestantes, a situação real não corresponde ao que aponta Gavioli. “Estão falando por aí que os professores estão sendo pagos. Isto é mentira. No colégio em que trabalho, em Acreúna, somente sete pessoas receberam, mas nós somos mais de 50 profissionais. Tenho colegas que estão sem energia, sem água e até sem o que comer. É triste ver como somos tratados neste estado”, lamentou a professora e diretora escolar, Clarice Maria Magalhães.
Um professor, que não quis ser identificado, relatou à reportagem como tem vivido sem o pagamento. “Minhas contas estão em atraso, os juros estão aumentando, está tudo desordenado e não posso fazer nada sem o dinheiro que é meu por direito. Não recebi salário em dezembro e o 13° não foi pago”, contou. Ele criticou ainda a forma como os profissionais foram tratados na Seduce. “Não estamos quebrando, nem destruindo nada. Queremos dialogar, cobrar explicações, mas nos tratam como bandidos, nos impedem de entrar nas dependências da Secretaria”, disse.
A manifestação organizada pelo grupo Mobiliza Goiás, que atua à parte do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), pediu também a revisão da modulação de professores de banda e de apoio, assim como coordenadores e diretores de escolas. O professor João Coelho explica que atualmente estes profissionais trabalham com base em 28h aula e recebem por 40h aula. No entanto, segundo ele, esta organização está prestes a ser modificada, já que uma proposta da Seduce pretende determinar o cumprimento da jornada e pagamento com base em 30h.
“A secretária acha que diretores e coordenadores não são cargos pedagógicos e sim administrativos. Isto é um equívoco porque estes profissionais estão o tempo todo em contato com os alunos. Na verdade, o que eles querem é a redução do salário. Estes trabalhos exigem tempo de preparação. É impossível exercer a função com a carga horária proposta”, disse João.
De acordo com a Seduce, a legislação vigente não prevê hora/aula para os cargos de direção e coordenação, sendo aplicada somente a professores. O órgão informou, ainda, que o Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO) e a Procuradoria Geral do Estado (PGE-GO), questionaram, por meio de auditoria, a jornada de trabalho dos profissionais em questão. Conforme a pasta, este teria sido o motivo do reordenamento da modulação.
Os manifestantes cobraram também transparência na gestão do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e publicização das auditorias realizadas na Seduce.
Sintego
A presidente do Sintego, Bia de Lima, afirmou que o sindicato trabalha para a manutenção dos direitos dos professores e que a entidade negocia tanto o pagamento dos servidores, quanto a questão da modulação dos profissionais. “O grupo Mobiliza Goiás tem todo direito de se manifestar, estamos em uma democracia, mas é preciso reconhecer que o sindicato está fazendo o possível para resolver todas as questões. Estamos indignados, queremos o salário como todos e estamos mobilizados nesta causa”, disse.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou que a secretária Fátima Gavioli recebeu a comissão e a lista de reivindicações apresentada pelo grupo e que as propostas serão analisadas.