Educação

Professores reclamam de salário atrasado, em Anicuns

Segundo funcionários da educação, salário é pago em lotes e pode levar mais de 15 dias para ser pago

Professores e técnicos administrativos do município de Anicuns, a 84 quilômetros da capital, ainda não receberam o salário do mês de julho. De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) da Regional de Trindade, responsável pelo município de Anicuns, Marlene de Oliveira, a entidade já enviou três ofícios solicitando audiência com a secretária de educação da cidade para discutir a questão e que ela pediu prazo até o dia 30/08 para regularizar o recebimento dos servidores, mas que possivelmente até a próxima semana o pagamento será depositado.

O atraso nos salários, contudo, é situação recorrente desde o final do ano passado. Segundo uma professora que preferiu não se identificar, a prefeitura já levou até 20 dias para pagar todos os funcionários do município. “A gente tem medo de tornar público o que está acontecendo na cidade e acabar sofrendo perseguição por isso. Em janeiro fizemos denúncia anônima sobre o que estava acontecendo e a Secretaria de Educação fez uma reunião com todos os professores para descobrir quem foi que denunciou”, relatou.

A professora disse ainda que a prefeitura normalmente pagava até o dia 30 de todo mês, mas desde que o atual prefeito assumiu o cargo, isso não acontece mais. “Pagam metade dos professores até 5º dia do mês e o restante dos funcionários recebem dia 10, as vezes até dia 20. A secretaria fala que estão pagando os regentes todo dia 30, mas não é verdade. Eu, por exemplo, estou em sala e não recebi até hoje”, explica.

De acordo com informações da presidente do Sintego, foi realizada uma assembleia com os professores em junho e ficou decidido que será realizada uma audiência com o prefeito ou com a secretária. Caso a situação não se resolva, o sindicato vai realizar outra reunião com os professores para decidir quais decisões serão tomadas.

Ao Mais Goiás, a secretária municipal de educação do município de Anicuns, Leandra Maria de Jesus disse que desconhece a demora para o pagamento dos professores. Segundo a gestora, o dinheiro do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) não cobre o pagamento de todos os funcionários, mas que, pelo menos, o salário dos professores efetivos é rigorosamente pago até o quinto dia do mês usando a verba federal.

Quando questionada sobre os funcionários contratados, Leandra disse que o salário da classe realmente atrasa porque eles dependem do repasse de verba da prefeitura para realizar o pagamento e o município vem sofrendo dificuldade de arrecadação devido a certos ajustes como o estabelecimento de piso salarial para os professores. “Aumentamos o salário dos profissionais mas não aumentou a arrecadação do município. Mas o funcionário contratado já está ciente de que vão ocorrer atrasos mesmo. A responsabilidade do município é com o funcionário efetivo”, relata a secretária.

Segundo a professora, a demora no pagamento já causa muitos transtornos e constrangimentos. “A instabilidade de você nunca saber quando o salário vai cair, você nunca sabe quando vai receber. Prestação de carro e casa, contas de água, energia e cartão de crédito têm a data certa pra pagar. Como sempre recebíamos dia 30, colocamos o vencimento para todo dia 5, como o salário cai todo dia dez a gente paga sofre para lidar com tantos juros”, reclama.

Histórico

Em janeiro, o Mais Goiás relatou que os professores do município de Anicuns (GO) estavam com o salário do mês de dezembro de 2017 atrasado. Após a publicação da matéria, os servidores receberam o pagamento na tarde do dia 10/01.

Na ocasião, segundo informações de professores que preferiram não se identificar, a primeira vez que o salário atrasou foi em outubro do ano passado. “Na época a Secretária de Educação explicou que iria atrasar por conta de problemas com a prefeitura. Porém, dessa vez os professores não foram notificados sobre o motivo do atraso. Nós estamos com contas atrasadas, materiais escolares dos filhos para comprar e nada de pagamento”, reclamaram.

Thayanara Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo.